Ameaças reais

Veja quais são os setores da economia que serão aniquilados pelas tarifas dos EUA

Levantamento revela que guerra comercial dos EUA afeta fortemente indústrias estratégicas do Brasil, com destaque para materiais de construção, aviões e armamentos.

Exportacoes
Exportacoes
  • Cinco setores enviam mais de 50% de suas exportações para os EUA e serão os mais prejudicados
  • Espírito Santo, São Paulo, Ceará e Rio Grande do Sul lideram perdas por estado
  • Especialistas alertam para risco de desorganização nas cadeias produtivas e industriais

O tarifaço de 50% imposto por Donald Trump sobre produtos brasileiros promete causar estragos consideráveis em setores cruciais da economia nacional. Nesse sentido, dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) revelam que cinco segmentos exportam mais da metade de sua produção para os Estados Unidos, totalizando mais de US$ 4 bilhões em 2024.

Sendo assim, esse movimento, classificado como agressivo e unilateral, ameaça desestabilizar cadeias produtivas inteiras e pressiona regiões que concentram essas atividades. Desse modo, Espírito Santo, Ceará, São Paulo e Rio Grande do Sul estão entre os mais atingidos. A medida, segundo a Amcham, afetará mais de 9.500 empresas que têm os EUA como principal destino de suas vendas.

Setores estratégicos sob ameaça direta

Além do impacto direto, o levantamento indica que 30 segmentos destinam ao menos 25% de suas exportações para o mercado americano. Em conjunto, essas vendas somaram US$ 20,3 bilhões no ano passado — metade de tudo que o Brasil exportou aos EUA. O país, portanto, corre contra o tempo para encontrar alternativas e reduzir sua dependência comercial.

Entre os setores mais vulneráveis à sobretaxa está o de materiais de construção. Além disso, produtos como pedras, gesso, cimento e similares tiveram 65,4% de suas exportações direcionadas aos Estados Unidos, movimentando US$ 802 milhões em 2024. O Espírito Santo é o epicentro dessa atividade: 84,4% das pedras ornamentais exportadas saíram do estado.

Ademais, a indústria de aeronaves e partes, com forte presença da Embraer, aparece em segundo lugar. Nada menos que 61,7% da produção do setor teve como destino o mercado norte-americano. São Paulo lidera com folga: 91% das exportações dessa categoria partiram do estado.

O segmento de armas e munições também sofre forte dependência. Em 2024, mais de 61% dos produtos exportados foram para os EUA, gerando US$ 323,8 milhões. O Rio Grande do Sul, lar da Taurus, responde por 52,5% desse fluxo, o que coloca a indústria gaúcha em risco elevado diante do cenário hostil.

Impacto regional se espalha pelo país

O setor de pescados, que inclui peixes, crustáceos e moluscos, destinou 60,8% de sua produção ao mercado americano. O Ceará lidera essa categoria e será o estado mais impactado — 24% das vendas têm origem em seu território. O risco para a economia local é grande, já que muitos desses produtos abastecem o sistema de saúde dos EUA.

Ademais, outro segmento atingido são as peles com pelo. Em 2024, 54,5% das exportações foram para os Estados Unidos, com 99% do total saindo do Rio Grande do Sul. Com a nova tarifa, fabricantes locais enfrentam incertezas quanto à viabilidade de manter contratos e empregos.

Além desses cinco setores, dezenas de outros apresentam exposição superior a 25% ao mercado americano. Entre eles, destacam-se madeira, instrumentos musicais e objetos de arte. Portanto, o efeito dominó pode ser amplo, afetando pequenas e médias empresas de diferentes estados.

Ceará e Espírito Santo lideram vulnerabilidade

Entre os estados, o Ceará é o mais dependente das exportações para os EUA. Em 2024, 44,9% de suas vendas externas foram direcionadas aos americanos, movimentando US$ 659 milhões. Os produtos mais afetados são ferro fundido e aço, altamente dependentes daquele mercado.

Além disso, o Espírito Santo aparece logo depois, com 28,6% das exportações voltadas aos EUA. O setor de pedras ornamentais lidera esse fluxo, o que deve trazer prejuízos bilionários ao estado. Paraíba (21,6%), São Paulo (19%) e Sergipe (17,1%) completam o ranking dos mais afetados.

Por fim, especialistas alertam que a substituição de mercados leva tempo e exige acordos bilaterais complexos. Enquanto isso, cresce a pressão sobre o governo Lula para evitar uma escalada retaliatória e preservar a integridade do setor exportador.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.