
- Vendas de veículos caíram 0,6% em junho, com retração de 5,7% em relação a maio, segundo a Fenabrave.
- O semestre fechou com crescimento de 4,8%, impulsionado pelas compras feitas por locadoras e frotistas.
- Expectativas para o segundo semestre são moderadas, com aposta em corte de juros e novos incentivos do governo.
O mercado de veículos novos registrou queda em junho e confirmou a desaceleração prevista para este ano. Segundo a Fenabrave, as vendas caíram 0,6% na comparação com junho de 2024. Já frente a maio, a retração foi ainda maior: 5,7%. Desse modo, a pressão dos juros e o custo do crédito explicam boa parte desse desempenho.
Setor sente o peso dos juros altos
Conforme dados divulgados nesta quinta-feira (3), o Brasil vendeu 212,9 mil veículos em junho. O número inclui automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Sendo assim, esse desempenho sinaliza perda de fôlego no setor, especialmente diante do encarecimento do financiamento.
Além disso, o consumidor, impactado pela inflação e pela dificuldade de acesso ao crédito, tem adiado a decisão de compra. Com isso, o varejo recuou de forma mais acentuada, mesmo com as promoções aplicadas por montadoras nas últimas semanas.
A Fenabrave afirma que o ambiente de negócios mudou. Se antes as condições favoreciam o crescimento, agora o cenário exige cautela. Portanto, a combinação entre incertezas econômicas e juros elevados compromete a recuperação esperada para o primeiro semestre.
Semestre fecha com avanço, mas ritmo menor
Apesar da queda pontual em junho, o semestre ainda apresenta saldo positivo. O setor acumulou um crescimento de 4,8% entre janeiro e junho, em relação ao mesmo período de 2024. Foram emplacadas cerca de 1,2 milhão de unidades em seis meses.
Ademais, esse resultado mostra desaceleração frente aos 14% de alta registrados no ano passado. Analistas já esperavam esse arrefecimento, considerando a base de comparação mais forte e o cenário macroeconômico menos favorável.
Desse modo, boa parte das vendas foi impulsionada por frotistas e locadoras. Essas empresas seguem comprando em volume e, com isso, ajudam a compensar a retração no mercado varejista. Sem esse fôlego do setor corporativo, o resultado do semestre poderia ter sido bem inferior.
Locadoras sustentam o mercado, enquanto varejo recua
As vendas diretas ao consumidor caíram com mais intensidade. Assim, famílias endividadas e com renda pressionada estão evitando compromissos de longo prazo, como o financiamento de um carro novo.
Enquanto isso, locadoras seguem firmes. Elas priorizam veículos de entrada e modelos com manutenção mais barata. Essa escolha garante o giro de frota e o atendimento à demanda por transporte por aplicativo e aluguel corporativo.
Segundo a Fenabrave, a diferença entre o comportamento do consumidor e o das empresas mostra uma mudança estrutural. O setor precisará ajustar suas estratégias de produção e vendas para equilibrar oferta e demanda nos próximos meses.
Perspectivas para o segundo semestre dividem o setor
A expectativa da entidade é de um segundo semestre cauteloso. A possível queda da taxa básica de juros pode melhorar o acesso ao crédito, mas os efeitos levarão tempo para atingir o varejo. A confiança do consumidor ainda permanece baixa.
Além disso, o governo estuda o lançamento do programa Carro Sustentável. Se aprovado, o plano deve reduzir o IPI para veículos 1.0 flex com baixa emissão de poluentes. A medida pode estimular o consumo e favorecer modelos mais acessíveis.
Mesmo assim, a recuperação plena do mercado ainda depende de múltiplos fatores. O cenário fiscal, a estabilidade política e o nível de endividamento das famílias continuam influenciando diretamente o desempenho do setor automotivo.