As tensões entre Argentina e Venezuela aumentaram significativamente após a prisão do policial argentino Nahuel Ignácio Gallo na Venezuela. O presidente argentino, Javier Milei, reagiu duramente à detenção, chamando o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de “ditador criminoso” durante um discurso no Colégio Militar, em Buenos Aires, na terça-feira (17).
Milei classificou a prisão de Gallo como um “sequestro ilegal” e exigiu sua libertação imediata.
“Em primeiro lugar, antes de começar o discurso, quero falar sobre o sequestro ilegal de Nahuel Gallo na Venezuela. Ele foi detido pelas forças de segurança a mando do ditador criminoso Nicolás Maduro, pelo único crime de visitar sua mulher e seu filho. Exigimos sua libertação imediata e esgotaremos as vias diplomáticas para devolvê-lo são e salvo à Argentina”, declarou o presidente argentino.
Nahuel Gallo, Primeiro Cabo da Gendarmeria Nacional Argentina (GNA), cruzou a fronteira entre a Colômbia e a Venezuela em 8 de dezembro, por uma ponte para pedestres próxima à cidade colombiana de Cúcuta. Segundo o Ministério da Segurança argentino, Gallo viajou para visitar sua esposa e filho na cidade venezuelana de Táchira.
No sábado (14), o Ministério da Segurança argentino emitiu uma nota oficial, afirmando que Gallo foi preso “de maneira imediata, sem motivo aparente e violando claramente seus direitos fundamentais”. O governo argentino “deplora estas práticas que contrariam os princípios do respeito à liberdade individual e à dignidade humana” e assegurou que atuará junto a órgãos internacionais para exigir a libertação do policial.
O jornal argentino La Nación reportou que Gallo foi levado para uma localização desconhecida pelo governo argentino e sua família, e que está sendo acusado de espionagem. A esposa de Gallo, María Gómez, relatou ao jornal que havia alertado o marido sobre a crise na Venezuela, mas nunca imaginou que ele seria detido.
Milei já havia se recusado a reconhecer a vitória de Maduro nas eleições presidenciais de julho, alegando fraude eleitoral e citando pesquisas de intenção de voto que apontavam para a vitória da oposição.
Na ocasião, Milei declarou que a Argentina “não vai reconhecer mais uma fraude e espera que desta vez as Forças Armadas defendam a democracia e a vontade popular”.
Governo Milei chega a um ano com inflação controlada, valorização do peso e alta popularidade
Com um superávit fiscal após mais de uma década, a Argentina conseguiu estabilizar suas finanças, mas ainda enfrenta grandes desafios. “O governo conseguiu instalar a ideia de que as dificuldades são consequência dos desequilíbrios herdados”, comentou o cientista político Fabián Calle. A gestão de Milei, marcada por um ajuste fiscal severo, gerou um nível de aprovação acima de 50%, um resultado impressionante dado o cenário de austeridade.
Em termos de política externa, a relação com Donald Trump tem ganhado destaque, com os dois líderes estabelecendo uma forte amizade. Isso pode trazer uma nova dinâmica nas negociações com o FMI, que enfrentam dificuldades devido à falta de moeda estrangeira. A expectativa é que essa aliança facilite a renegociação da dívida bilionária da Argentina, embora especialistas ainda vejam incertezas quanto ao impacto real dessas relações.
O desafio para 2025 será equilibrar o ajuste fiscal com a necessidade de reduzir a pobreza e melhorar a qualidade de vida da população. As reformas fiscais e trabalhistas prometidas por Milei serão fundamentais para o futuro econômico do país. A continuidade de sua política fiscal será crucial para manter a confiança popular e garantir a estabilidade econômica nos próximos anos.