
- Landau chama Moraes de “descontrolado” e eleva tensão Brasil-EUA
- Rubio promete novas medidas de retaliação contra autoridades brasileiras
- Lula usará discurso na ONU para reforçar soberania e resposta ao confronto
A crise entre Brasília e Washington ganhou novo capítulo nesta quarta-feira (17). O vice-secretário de Estado dos EUA, Christopher Landau, afirmou que Alexandre de Moraes, ministro do STF, está “descontrolado” e colocou em risco a relação bilateral de mais de dois séculos.
A declaração foi publicada nas redes sociais, replicada pela Embaixada dos EUA no Brasil e veio acompanhada de críticas diretas à atuação do Judiciário brasileiro, que teria supostamente perseguido cidadãos americanos de origem brasileira.
Escalada diplomática em ritmo acelerado
Landau acusou Moraes de violações de direitos humanos e pediu que autoridades brasileiras “controlem” o magistrado. O gesto foi lido como uma ameaça explícita de deterioração da parceria bilateral.
O movimento ocorre no rastro das declarações de Marco Rubio, secretário de Estado, que chamou ministros do STF de “juízes ativistas” em entrevista à Fox News. Assim, sem citar nomes, afirmou que decisões brasileiras tentaram impor limites a cidadãos americanos, e prometeu novas medidas já na próxima semana.
Nos últimos meses, a pressão de Washington já havia resultado em sanções da Lei Magnitsky contra Moraes e outros ministros, incluindo suspensão de vistos e bloqueio de cartões emitidos por bandeiras americanas.
O contra-ataque de Brasília
Em sessão sobre o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus da trama golpista, Moraes reafirmou a soberania nacional e criticou tentativas de ingerência externa.
Lula, por sua vez, aproveitou a crise para reforçar sua narrativa de independência institucional. Além disso, em reunião com líderes do Brics, acusou Trump de “chantagem tarifária” após sobretaxar produtos brasileiros em 50%.
Nos bastidores do Planalto, a avaliação é de que novas medidas americanas devem mirar autoridades específicas. Portanto, a possibilidade de atingir setores estratégicos, como o agronegócio, preocupa, sobretudo diante da dependência brasileira de fertilizantes russos.
ONU vira palco da disputa
A escalada diplomática acontece às vésperas da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, onde Lula abrirá os discursos no próximo dia 23.
Ademais, o governo enxerga o encontro como oportunidade de reposicionar o Brasil, reforçar compromissos democráticos e avançar na COP30, em Belém. No entanto, o clima de confronto com os EUA deve dominar bastidores e negociações paralelas.
Em artigo no New York Times, Lula disse estar aberto a cooperação, mas deixou claro: “a democracia e a soberania do Brasil não estão em pauta”. Por fim, o público interpretou a fala como um recado direto a Trump e a Rubio.