
Um grupo de mais de 200 investidores, que se dizem vítimas de um golpe envolvendo a criptomoeda $LIBRA, levou o caso à Suprema Corte de Nova York, nos Estados Unidos. A ação coletiva, movida nesta segunda-feira, 17, pelo escritório de advocacia Burwick Law, especializado em criptoativos, promete esquentar ainda mais a polêmica em torno do presidente ultraliberal da Argentina, Javier Milei, que chegou a promover a moeda digital em suas redes sociais.
A ação judicial não acusa diretamente Javier Milei, mas aponta o dedo para empresários supostamente envolvidos no esquema. Entre os réus, estão o CEO e o diretor de operações da Kelsier Ventures, empresa responsável pelo lançamento da $LIBRA. Também são alvos o CEO da Kip Protocol (infraestrutura de pagamentos por IA), Julian Peh, e o CEO da Meteora (plataforma de finanças relacionada a memecoins), Benjamin Chow.
O processo alega que os acusados promoveram a $LIBRA como uma “iniciativa econômica significativa” para impulsionar o crescimento na Argentina, atraindo investidores com a promessa de financiar pequenas empresas, startups e projetos educacionais. O endosso de Milei, segundo a acusação, foi crucial para criar uma “aparência de legitimidade” e valor para o token.
A Burwick Law afirma que essa estratégia foi “manipuladora”, inflacionando artificialmente o preço inicial da $LIBRA. A acusação vai além, alegando que “pessoas privilegiadas dos réus desviassem aproximadamente US$ 107 milhões” e que o grupo “reteve estrategicamente aproximadamente 85% do fornecimento total do token no lançamento, mantendo diretamente o controle exclusivo sobre a avaliação e liquidez do token”.
Por Que Nova York?
O caso foi levado à Justiça de Nova York porque é lá que fica a sede da Kelsier Ventures. A escolha da cidade americana mostra que os investidores estão dispostos a ir longe para buscar reparação pelos prejuízos.
O caso da $LIBRA ganhou destaque em fevereiro, quando Javier Milei, conhecido por suas posições polêmicas e defensor do liberalismo econômico, promoveu a criptomoeda em suas redes sociais. Após o “selo de qualidade” do presidente argentino, o ativo disparou, chegando a valer quase US$ 5.000.
No entanto, a alegria dos investidores durou pouco. Em meio à rápida valorização, aqueles que haviam comprado a moeda antes da divulgação de Milei começaram a vendê-la em massa, dando início ao que se chama de “rug pull” (puxada de tapete). Essa manobra consiste em promover um token, atrair investidores e, de repente, encerrar o projeto, deixando quem investiu no prejuízo.
Curiosamente, a $LIBRA foi lançada na Meteora, a mesma plataforma que lançou a criptomoeda $TRUMP, ligada ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A $TRUMP seguiu um caminho parecido: disparou e, em seguida, despencou, levantando suspeitas sobre a atuação da plataforma.