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Volume de exportações brasileiras para China desacelera, mas cresce em outros mercados

Recentemente, foram publicados os resultados da balança comercial brasileira no mês de janeiro. Confira os destaques.

Foto/Reprodução GDI
Foto/Reprodução GDI

O ano iniciou com um déficit de US$ 214,4 milhões na balança comercial. Não é um resultado inesperado na série histórica da balança em janeiro.

Desde 2009, quando as commodities passaram a explicar mais de 50% das exportações brasileiras e a China alçou o posto de principal mercado, o saldo só foi superavitário quatro vezes no mês de janeiro. No ano de 2021, o saldo foi negativo no valor de US$ 219,8 milhões.

A análise a seguir ressalta os principais resultados na comparação dos meses de janeiro de 2021 e 2022.

O crescimento, em valor, das exportações e das importações foram próximos, 31,4% e 30,9%, respectivamente (Gráfico 1). No entanto, enquanto as variações nos índices de preços (15,6%) e volume (13,1%) das exportações foram positivas com diferença de apenas 2,5 pontos percentuais, o mesmo não se aplica ao desempenho das importações. Nesse caso, a variação nos preços foi de 32,4% e o volume recuou em 1,4%.

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O crescimento, em valor e volume, das exportações foi liderado pelas commodities se comparado com as não commodities (Gráfico 2).

O volume exportado das commodities aumentou 17,4% e o das não commodities, 6,8%. No caso dos preços, a diferença no resultado dos dois fluxos foi menor. As não commodities registraram aumento de 18% e as commodities de 13,6%.

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Por sua vez o recuo no volume importado e o aumento nos preços são explicados pelo comportamento das não commodities. O índice de volume desse agregado recuou 4,2% e os preços aumentaram, 30,8%.

Observa-se que, enquanto as commodities moldam a trajetória das exportações (participação de 63% no valor exportado de janeiro de 2022), as não commodities explicaram 90% das importações.

A análise por setor de atividade (Gráfico 3) mostra aumento no volume exportado da agropecuária (91,3%), seguido da transformação (16,3%) e recuo da extrativa (13,4%). Os preços das exportações seguem o mesmo padrão, com aumento na agropecuária (30,1%), seguido da transformação (20,1%) e redução na extrativa (2%).

Nas importações, o destaque é a indústria extrativa em termos de volume (86,1%) e preços (110,3%).

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Na análise dos principais mercados de destino das exportações brasileiras, a China continua na liderança, com 21,5% de participação, seguida dos Estados Unidos, com 11,6%.

Em janeiro de 2021, esses percentuais eram de 27,7% para a China e 9,5% para os Estados Unidos. É prematuro fazer projeções com base em um mês e consideramos que o percentual da China poderá se elevar nos próximos meses.

Observa-se que o resultado da China é explicado pela baixa taxa de crescimento das exportações (1,9%), em comparação com os Estados Unidos, que foi, entre os meses de janeiro de 2021 e 2022, de 59,4%. A Argentina permaneceu como o 3º principal mercado de exportação com participação de 4,8% e crescimento de 24,2%.

O Gráfico 4 mostra a variação nos índices de volumes dos principais mercados de exportação e importações do Brasil. A queda do valor exportado para a China está associada a queda de 6,3%, das exportações, pois a variação dos preços para esse mercado foi positiva (7,8%).

Para todos os outros mercados, os volumes exportados aumentaram, assim como os valores. Fora os que já foram mencionados, as exportações cresceram 53,2% para a União Europeia, 33,4% para a América do Sul (exceto Argentina) ou Demais América do Sul e 35,9% para a Ásia exclusive China e Oriente Médio.

Ajuda o entendimento dos resultados para a China e os Estados Unidos, analisar os principais produtos exportados em janeiro. O primeiro foi o petróleo, com variação de 27,4%, em valor.

A China foi responsável por 41,9% das compras do produto, mas registrou queda de 17,7%, em relação a janeiro de 2021. Os Estados Unidos, o segundo maior comprador, com participação de 12,6%, aumentaram as suas compras em 192%.

O segundo principal produto exportado, o minério de ferro, onde a China explica 66,9% das exportações, teve queda nas vendas totais (33,7%) e de 44,1% para a China.

As exportações de soja, o terceiro principal produto, aumentaram em 5.224% e para a China, com participação de 80%, a variação foi de 13.990%. Esse é um resultado esperado, pois excepcionalmente no ano passado os embarques de soja atrasaram.

No entanto, a queda do petróleo e do minério, que juntos somaram 48,3% das vendas brasileiras para a China, não foi compensada com o aumento da soja (20% das exportações do Brasil para esse país). 

Além do aumento das compras de petróleo, os Estados Unidos elevaram em 1.052% as compras de carne bovina, que tinham restrições em janeiro de 2021, em 33% as de café e em 340%, as de semimanufaturas de ferro e aço.

É preciso observar como irá se comportar a pauta de exportações nos próximos meses para podermos avaliar possíveis mudanças no mercado estadunidense.

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Nas importações, apenas China e Estados Unidos aumentaram o volume importado. Na análise por valor, em todos os mercados, a variação é positiva, mas inferior a 10%, enquanto que para a China foi de 47% e para os Estados Unidos de 61,5%.

A diferença é explicada pela variação nos preços de importações, 29,1% para a China e 55% para os Estados Unidos, pois o volume importado pela China foi maior. 

Nas importações, vale ressaltar o aumento do preço de 66% do óleo combustível, o principal produto, seguido do gás natural liquefeito (GNL, 531%).

Nos dois casos, os Estados Unidos são o principal fornecedor, explica 61,4% das compras de combustíveis e 81,4% do GNL (aumento de 809%).

A China irá se destacar, entre os dez principais produtos importados, nos casos de adubos (crescimento de 106%, mas a Rússia é o principal fornecedor), medicamentos (aumento de 540%), compostos orgânicos, equipamentos de telecomunicações e partes para automóveis.

Os Estados Unidos se destacam como fornecedor de energia e a China de insumos e componentes para a indústria.

O maior aumento nos preços importados em relação aos exportados, que já era observado desde o segundo semestre de 2021, continuou no início desse ano, e, como mostra o Gráfico 5, os termos de troca continuam sua trajetória de queda.

Entre janeiro de 2022 e 2021, os termos de troca recuaram 13%. As turbulências no cenário mundial com as tensões entre a Russia e os Estados Unidos elevam os preços do petróleo e, ao mesmo tempo, não é esperada grandes elevações nos preços da agropecuária.

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Como já chamamos atenção em edições anteriores do ICOMEX, projeções de balança comercial sofrem revisões ao longo do ano.

Num ano de eleições presidenciais no país, com um cenário político internacional tensionado entre os Estados Unidos, Rússia e China, os movimentos cambiais deverão ser mais voláteis e os operadores de comércio exterior mais cautelosos.

Talvez a única certeza possível seja, com previsões de crescimento do PIB do Brasil abaixo de 1%, que o volume importado não venha a recuar, e o valor dependerá dos preços na economia mundial. Isto, na hipótese que novos efeitos da pandemia não se façam presentes.