O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) arrecadou apenas R$307,8 milhões com os julgamentos do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) em 2024, um valor significativamente inferior à estimativa inicial de R$56 bilhões. A discrepância, que representa apenas 0,5% da expectativa de arrecadação do Ministério da Fazenda, acendeu alertas sobre as falhas nas projeções feitas pelo órgão.
Em janeiro de 2023, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o Congresso aprovaram uma medida que conferia ao governo o voto de minerva (voto de desempate) nos julgamentos do Carf, favorecendo a União em contenciosos fiscais. Essa mudança foi vista como uma das principais ferramentas para aumentar a arrecadação e combater o déficit fiscal. No entanto, os resultados não foram como esperado, com o Carf arrecadando uma fração minúscula do projetado.
O presidente do Carf, Carlos Higino Ribeiro de Alencar, havia estimado em março de 2024 que o conselho julgaria R$870 bilhões em disputas fiscais, com aproximadamente R$87 bilhões sendo arrecadados pela União. Essa projeção, embora não oficial, foi considerada pelo governo como uma expectativa realista, especialmente com a volta do voto de Minerva. No entanto, a arrecadação efetiva ficou aquém até mesmo de uma fração desses R$87 bilhões, chegando a menos de 1% do esperado.
A Receita Federal, ao revisar a situação, identificou um erro na metodologia utilizada nas projeções. Em entrevista recente, o auditor-fiscal Claudemir Malaquias, chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita Federal, admitiu que as estimativas feitas pelo Carf não foram validadas adequadamente e, por isso, não serão mais consideradas nas projeções futuras. “A metodologia não se mostrou crível”, declarou Malaquias, antecipando uma revisão para baixo dos números previstos para 2025, que originalmente indicavam R$28 bilhões.
A expectativa para 2025 continua sendo cautelosa, com analistas financeiros e agentes do mercado questionando a viabilidade desses valores. O erro nas estimativas levanta preocupações sobre a capacidade do governo de conseguir recursos adicionais por meio de ajustes fiscais e tributos, especialmente em um cenário de crescimento econômico modesto.