
- Xiaomi vai investir US$ 6,93 bilhões em chips próprios a partir de 2025 para reduzir dependência externa
- Empresa já aplicou US$ 1,87 bilhão no desenvolvimento do chip XringO1 e conta com equipe de mais de 2.500 profissionais
- Investimento acompanha tendência global de autossuficiência em semicondutores em meio à tensão geopolítica e demanda tecnológica crescente
A Xiaomi, conhecida por seus smartphones acessíveis e por sua recente entrada no setor de veículos elétricos, acaba de dar um passo ambicioso rumo à autossuficiência tecnológica.
Em anúncio feito pelo fundador da empresa, Lei Jun, na plataforma chinesa Weibo, a gigante de tecnologia revelou que vai investir no mínimo 50 bilhões de iuanes (o equivalente a cerca de US$ 6,93 bilhões) no desenvolvimento de chips próprios ao longo da próxima década.
A empresa planeja iniciar o projeto já em 2025, com a meta de se consolidar no mercado de design de semicondutores, um dos segmentos mais estratégicos e competitivos da indústria de tecnologia.
O movimento acompanha uma tendência global de fabricantes que buscam reduzir a dependência de fornecedores estrangeiros, em especial num momento em que tensões geopolíticas e restrições comerciais afetam diretamente o fluxo global de componentes eletrônicos.
Mega-aposta começa com histórico de bilhões já investidos
Lei Jun revelou ainda que a Xiaomi já destinou 13,5 bilhões de iuanes para o desenvolvimento do seu chip móvel proprietário, chamado XringO1. O avanço do projeto demonstra que a empresa não está apenas planejando um futuro no setor de semicondutores. Mas, já tem uma base sólida construída nos últimos anos.
O fundador também destacou que a equipe dedicada ao design de chips já ultrapassa 2.500 profissionais. Contudo, um número que deve crescer com a aceleração dos investimentos nos próximos anos.
A intenção da Xiaomi é clara: dominar as etapas mais críticas da cadeia de produção de tecnologia. Como já fazem empresas como Apple, Samsung e Huawei.
Com a criação de chips próprios, a Xiaomi espera otimizar o desempenho de seus produtos, controlar custos de produção e garantir maior segurança tecnológica. Contudo, fatores fundamentais para quem disputa espaço em mercados altamente exigentes, como o de smartphones, dispositivos vestíveis e carros elétricos.
Corrida tecnológica e cenário geopolítico
O anúncio do investimento acontece em meio à escalada da corrida global por chips. Assim, impulsionada por avanços como inteligência artificial, conectividade 5G, carros autônomos e computação de alto desempenho.
A pandemia de Covid-19 e os embargos comerciais impostos pelos Estados Unidos à China evidenciaram os riscos de concentrar a produção de chips em poucos fornecedores. Especialmente, em Taiwan e Coreia do Sul.
Nesse contexto, a Xiaomi se junta a outras empresas chinesas que ampliam seus esforços para fortalecer o setor de semicondutores internamente. O movimento também busca atender à pressão do governo chinês, que incentiva empresas nacionais a reduzirem a vulnerabilidade estratégica do país nesse segmento.
O megainvestimento da Xiaomi representa uma virada de chave em sua trajetória. De fabricante focada em preço e volume, a empresa agora sinaliza ambições mais profundas. Dessa forma, mirando inovação, controle tecnológico e protagonismo global.
Se bem-sucedida, a Xiaomi poderá não apenas desafiar seus concorrentes diretos no segmento de smartphones, mas também se tornar um nome de peso na indústria mundial de chips.