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Sérgio Lazzarini, pesquisador, critica plano de R$ 300 bilhões do governo para reindustrialização, apontando falta de governança e experiência passada.
O pesquisador Sérgio Lazzarini expressou sérias preocupações em relação ao plano do governo de incentivar R$ 300 bilhões na reindustrialização do Brasil, com o apoio do BNDES.
Lazzarini, que é pesquisador sênior da Cátedra Chafi Haddad de Administração do Insper e professor da Ivey Business School, da Western University, no Canadá, disse ao jornal Folha, que o governo está repetindo estratégias que falharam no passado e não está aprendendo com as experiências anteriores.
Ele enfatizou a falta de critérios claros e governança para os investimentos públicos, bem como a ausência de métricas para avaliar o sucesso do plano. Lazzarini também questionou a necessidade de o BNDES adquirir participações acionárias em empresas e expressou preocupações sobre a flexibilização nas formas de financiamento do banco, sem uma governança sólida.
Pesquisador Sérgio Lazzarini critica plano de R$ 300 bilhões do governo para reindustrialização do Brasil
O pesquisador Sérgio Lazzarini, conhecido por seus estudos sobre as relações entre o Estado e as empresas, lançou críticas contundentes ao plano do governo brasileiro de injetar R$ 300 bilhões na reindustrialização do país, com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Falando à Folha, Lazzarini, autor dos livros “Capitalismo de Laços” e “Reinventando o Capitalismo de Estado,” destacou que o anúncio o fez sentir um certo “déjà vu,” já que se assemelha a estratégias passadas que não obtiveram sucesso.
Uma das principais preocupações do pesquisador é a falta de critérios claros e governança para os investimentos públicos. Ele questiona a ausência de métricas concretas para avaliar o sucesso do plano, lembrando que planos semelhantes no passado não atingiram suas metas de política industrial, especialmente durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Além disso, Lazzarini expressou dúvidas quanto à necessidade de o BNDES voltar a adquirir participações acionárias em empresas. Ele argumenta que grandes empresas geralmente não precisam desse tipo de suporte. Além disso, ele ressaltou a flexibilização nas formas de financiamento do BNDES, que poderia comprometer a governança, sem fornecer um plano claro para o sucesso.
Lazzarini também levantou preocupações sobre a transição energética, afirmando que, embora seja importante, deve ser feita com metas claras e fiscalização rigorosa, especialmente em um país como o Brasil, com um histórico complexo. Em resumo, suas críticas se concentram na falta de aprendizado com o passado, falta de governança e credibilidade nas metas estabelecidas no plano de reindustrialização do governo.
Ceticismo devido a erros passados e falta de transparência
Para variar, uma das principais preocupações sobre o plano de investimento de R$ 300 bilhões chamado “Nova Indústria Brasil” é a falta de clareza em relação às metas e métricas de sucesso do plano.
No passado, a falta de governança e a ausência de avaliação rigorosa levaram a projetos fracassados e a uma grave recessão econômica. A “Nova Matriz Econômica,” que aumentou a dívida pública ao direcionar recursos emprestados para projetos mal planejados, ainda é lembrada como um exemplo de política malsucedida.
Além disso, as regras protecionistas de conteúdo nacional, historicamente aplicadas nas políticas industriais, são vistas como um obstáculo ao progresso e ao aumento da produtividade no Brasil. Especialistas argumentam que essas restrições limitam a competitividade e prejudicam a capacidade do país de atrair investimentos estrangeiros.
Para que a “Nova Indústria Brasil” tenha sucesso, será fundamental aprender com os erros do passado, garantir uma governança sólida e estabelecer métricas claras para avaliar o impacto dos investimentos, o que é um trabalho difícil para o atual governo, acostumado em apresentar propostas sem métricas apuradas.
Essa falta de transparência e a semelhança com políticas anteriores têm levantado questões sobre a capacidade do governo de evitar os erros cometidos no passado e assegurar que esse novo plano trará benefícios sustentáveis para a economia brasileira.
Para o economista Marcos Mendes, é fato o ceticismo em relação à “Nova Indústria Brasil”. Ele afirma que o governo precisa provar que esta iniciativa será diferente em comparação com políticas anteriores semelhantes. Mendes acredita que o governo deve financiar projetos apenas quando a taxa de retorno interna for inferior ao custo de oportunidade, desde que esses projetos gerem externalidades sociais positivas, como a redução da pobreza e o aumento da produtividade a longo prazo.
A opinião do economista reflete a preocupação de que políticas industriais passadas, que direcionaram grandes recursos públicos para financiar projetos sem considerar cuidadosamente a viabilidade econômica e a eficácia, resultaram em custos substanciais para o governo e não alcançaram os resultados desejados.
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