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- O novo CEO da Vale (VALE3), Gustavo Pimenta, que assumiu o comando da mineradora em outubro, gerou otimismo entre analistas de mercado
- Pimenta destacou a importância de uma agenda institucional robusta, com foco em temas políticos e ambientais, além de priorizar o relacionamento com stakeholders
- A Vale não planeja grandes fusões ou aquisições no curto prazo, mas permanece aberta a negócios estratégicos
O novo CEO da Vale (VALE3), Gustavo Pimenta, que assumiu o comando da mineradora em outubro, gerou otimismo entre analistas de mercado. Isto, após participar de uma reunião junto com o Diretor de Relações com Investidores, Thiago Lofiego. Durante o encontro, Pimenta delineou a visão estratégica da empresa sob sua liderança, mantendo a confiança dos investidores ao reforçar a continuidade das diretrizes já estabelecidas. Mas trazendo maior clareza sobre os planos futuros da Vale, com foco em crescimento sustentável e eficiência operacional.
Pimenta destacou a importância de uma agenda institucional robusta. Ainda, com foco em temas políticos e ambientais, além de priorizar o relacionamento com stakeholders essenciais, como governo, comunidades e agências regulatórias. Um dos pontos principais mencionados foi o empenho da Vale em resolver questões pendentes, como o desastre de Mariana e os desafios relacionados às concessões ferroviárias e decretos de cavidade. A gestão eficiente dessas frentes é vista como um facilitador para o crescimento futuro da companhia.
Aspectos-chave
A XP Investimentos ressaltou três aspectos-chave da fala de Pimenta: (i) a importância da agenda institucional e o impacto de questões regulatórias e ambientais no desempenho da empresa; (ii) o foco em melhorar a eficiência de custos nas operações de minério de ferro, adaptando-se ao cenário pós-Brumadinho com iniciativas como plantas de filtração, empilhamento a seco e redução no custo de produção; e (iii) o foco estratégico em metais básicos, especialmente no cobre, com expectativas de crescimento orgânico. A recomendação da XP para a Vale permanece de compra, com destaque para o potencial de valorização das ações da empresa.
No âmbito operacional, a Vale continua a priorizar o desenvolvimento de projetos-chave, como Vargem Grande, Capanema e S11D, que prometem expandir a capacidade produtiva da empresa nos próximos anos. Além disso, a mineradora está empenhada em reduzir o custo de produção de minério de ferro para menos de US$ 20 por tonelada, buscando maior eficiência em suas operações e aproveitando sua infraestrutura existente. As iniciativas de descarbonização também são prioridade, com ênfase na produção de pelotas, em linha com a demanda por soluções mais sustentáveis na indústria siderúrgica.
A agenda institucional de Pimenta envolve ainda a conclusão de importantes acordos. Entre eles, está a reparação da Samarco, que está em fase final de negociação e com previsão de fechamento até novembro de 2024. Além disso, as concessões ferroviárias da Vale, que são fundamentais para a logística da mineradora, devem ser renovadas até o início de 2025. O ajuste nos decretos de cavidade, que impactam diretamente o andamento de projetos em Serra Norte, também é uma prioridade nos próximos meses.
Visão otimista
O Goldman Sachs compartilha da visão otimista em relação à nova gestão de Pimenta. Embora sem esperar mudanças drásticas na estratégia da empresa. Os analistas do banco, no entanto, destacam que a Vale tem potencial para impulsionar seu desempenho operacional nos próximos anos, com foco em três fatores: desenvolvimento de projetos estruturais, melhoria da eficiência operacional e possíveis avanços regulatórios.
“Mais especificamente, a nova administração tem o potencial de trazer um novo começo ao relacionamento governo-empresa, o que pode ajudar a aliviar as preocupações recentes dos investidores, alinhar melhor os interesses das partes interessadas e reduzir pendências importantes (incluindo em torno do acordo final da Samarco, renovação da concessão ferroviária e possíveis ajustes regulatórios)”, apontam os analistas do Goldman.
O banco acredita que a Vale está bem posicionada para uma trajetória de valorização, diferente dos últimos cinco anos, e que o trabalho da nova liderança pode catalisar uma reviravolta na narrativa microeconômica da empresa. No campo financeiro, a Vale mantém sua política de dividendos estável e pretende não ultrapassar o teto de US$ 20 bilhões em dívida líquida expandida, garantindo uma abordagem cautelosa e sustentável para o futuro.
“O momento parece bom nessas frentes principais e a gerência espera que seja o principal impulsionador da produção de minério de ferro aumentando para 350 mtpa [milhões de toneladas por ano] e redução de custos (para potencialmente abaixo de US$ 50/t versus cerca de US$ 60/t agora). “Destacamos que uma das principais mensagens da gerência para a organização está relacionada à eficiência de custos”, avalia o banco.
A nova fase da mineradora, sob a liderança de Gustavo Pimenta, promete uma continuidade estratégica. Mas com ajustes que buscam reforçar a confiança no mercado. E, garantir que a Vale continue a crescer de forma sustentável e eficiente, em um cenário cada vez mais complexo e desafiador para o setor de mineração.
“Temos uma recomendação de compra para a Vale e esperamos que os fatores micro reavaliem as ações, com a empresa sendo negociada com um desconto médio de 30% em relação às principais australianas. Com base em nossas conversas recentes, muitos investidores internacionais permaneceram à margem devido a inúmeras incertezas micro, assim esperamos que o interesse dos investidores aumente à medida que os fatores de risco específicos da empresa sejam reduzidos”, apontam os analistas.
Abertura a novos negócios
Grandes fusões e aquisições não estão nos planos imediatos da Vale. Embora a empresa mantenha abertura para negócios estratégicos, como o recente acordo com o ativo da Anglo Minas Rio. A nova gestão, no entanto, também ressaltou a importância de fortalecer o relacionamento com stakeholders públicos. E, aproveitando a oportunidade para um novo começo. Para o JPMorgan, essa agenda é crucial para impulsionar o desempenho das ações, levando o banco a reafirmar sua recomendação de “overweight” (compra).
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