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Resultado positivo do primeiro trimestre puxará crescimento no ano; juros altos e incertezas deverão arrefecer economia no segundo semestre
O crescimento de 1% do PIB no primeiro trimestre de 2022, na comparação com o último trimestre de 2021, foi puxado pelo setor de serviços, segmento com o maior peso na economia e que subiu 1%, na esteira da abertura das atividades. A indústria de transformação apresentou crescimento de 1,4% na comparação com o trimestre anterior, mas ainda está 1,2% abaixo do nível pré-pandemia (quarto trimestre de 2019), enquanto a economia como um todo está 1,6% acima deste nível.
Para o segundo trimestre, e principalmente na segunda metade do ano, porém, a expectativa é de arrefecimento do PIB. Nessa perspectiva, o resultado do primeiro trimestre deverá ser o melhor do ano. A perda de fôlego estará associada aos efeitos defasados do expressivo aperto monetário implementado pelo Banco Central, do esgotamento do processo de reabertura no setor de serviços, das incertezas em torno do processo eleitoral e do comércio internacional, fatores que deverão pesar sobre a evolução da atividade econômica. O cenário externo deverá ser menos favorável para a economia brasileira devido ao processo de aumento dos juros globais.
Para a indústria, o cenário também é bastante desafiador devido ao substancial aperto monetário, o qual afeta os canais de crédito, fundamentais para a dinâmica da indústria de transformação. É importante destacar que os efeitos negativos do aumento da taxa de juros sobre a indústria de transformação são mais expressivos do que para a economia como um todo. A FIESP estima que um aumento de 1,0 p.p da taxa real de juros tem impacto sobre o PIB da indústria de transformação superior a 50% ao que ocorre no PIB total. Além disso, permanece a pressão de custos advinda do alto patamar da inflação e, ainda que em menor medida, persistem desequilíbrios nas cadeias globais de suprimentos.
A expectativa da FIESP para o resultado do PIB em 2022 passou de estabilidade (0,0%) para crescimento de 1,3%. No entanto, no caso da indústria de transformação, diante dos dados disponíveis, a projeção é de queda de 1,2%, que, se confirmada, será o sexto recuo do PIB do setor num intervalo de dez anos.
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