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PIB surpreende positivamente avançando 1,2%. Especialistas comentam

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O PIB cresceu 1,2% no segundo trimestre, comparado com os três meses anteriores, e superou as expectativas do mercado, que apontavam para alta de 0,90%. A indústria cresceu 2,2%, puxada, principalmente, pelas atividades de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (3,1%), Construção (2,7%) e Indústrias extrativas (2,2%).

Especialistas do mercado financeiro comentam mais sobre o dado.

João Beck, economista e sócio da BRA

O PIB veio bem forte e bem em linha com os dados de desemprego que saíram essa semana e até os dados anteriores. O que mostra que as atividades estão muito mais fortes do que se esperava e muito bem forte do que se imaginava no começo do ano.

Mesmo com um nível de taxa de juros tão alta, como a gente tem no Brasil, a gente não conseguiria imaginar no início do ano que a gente teria um crescimento de PIB tão alto e um desemprego que estaria na casa de 1 dígito.

Isso se deve a dois fatores somente: um deles foi a alta das commodities ao longo do início do ano, na virada do ano, gastos fiscais fortes com o auxilio Brasil, incentivos fiscais muito fortes e mais recente as desoneração fiscal, desonerações de impostos que ainda não bateu nesse dado de pib que saiu hoje. Isso deve influenciar o próximo trimestre que também deve vir muito forte.

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Por fim, talvez a pandemia, a gente ainda está no retorno da mobilidade da pandemia, o resultado da volta dessa mobilidade.

Olhando para a frente, é que eu acho que será o grande desafio, se esse aquecimento todo vai continuar, porque temos num cenário global uma recessão muito forte, tanto de EUA, Europa e China, temos a queda nos preços da commodities que também prejudica nossa arrecadação, temos os custos com jutos que onera muito o nosso lado fiscal e causa uma restrição muito grande na economia, lembrando que vamos virar o ano com uma taxa de juros alta, diferente do no ano passado que a taxa de juros estava mais baixa.

E temos uma restrição fiscal de gastos, que não podem ser feitos no ano que vem porque já chegamos em níveis muito altos de endividamento por conta de todos esses estímulos e desonerações.

Então, de certa forma, temos que torcer para que esse aquecimento atual, de certa forma, se carregue para o ano que vem de alguma forma e a gente consiga ter algum crescimento, isso é normal em períodos eleitorais. É bem normal aquecimento de PIB mto forte em períodos eleitorais e no primeiro ano do governo seguinte, você ter uma acomodação desse crescimento.

Rodrigo Sodré, economista e sócia da BRA

Como ler o crescimento do PIB no 2° trimestre?

O crescimento de 1,2% do PIB no segundo trimestre, em relação ao período de janeiro a março, e de 2,5% no semestre veio acima das expectativas do mercado. O resultado foi bastante impulsionado pelo setor de serviços, que já vinha apresentando resultados positivos nos últimos meses: ao fim do primeiro semestre, o segmento já operava em patamar 7,5% superior ao do pré-pandemia, segundo o IBGE, impactado por incentivos fiscais e a reabertura da economia.

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A indústria, com crescimento de 2,2% e saldo positivo em todos os subsetores, surpreendeu e superou números fracos de períodos anteriores, apesar dos problemas nas cadeias de suprimento globais. Outro destaque positivo é o consumo das famílias, que avançou 2,6%, puxado pela injeção de dinheiro na economia por meio do saque extraordinário do FGTS e pelo adiantamento do 13° salário dos servidores públicos, além da retomada das atividades presenciais.

As boas notícias vêm em linha com o saldo positivo na criação de empregos em julho, de acordo com dados do Caged. Até o fim do ano, esses mesmos fatores devem continuar contribuindo para um aquecimento da economia, principalmente a alta da demanda das empresas e os estímulos à renda, como as medidas para redução dos preços que liberaram certa pressão sobre o orçamento das famílias, o aumento do Auxílio Brasil e a ajuda para taxistas e caminhoneiros.

No entanto, é preciso estar atento nos próximos trimestres às consequências do aperto monetário e da desaceleração da economia global. Além disso, o nível de endividamento das famílias está em um patamar bastante elevado (o que pode frear o consumo), não haverá a injeção na economia do 13° dos aposentados e servidores e a contribuição positiva da reabertura pode começar a ser absorvida e normalizada pela economia.

Leandro Vasconcellos, CFP e sócio da BRA

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O mercado teme que o resultado do PIB possa não se repetir no próximo ano, você concorda com essa visão?

No ano passado, não tínhamos nada além das promessas do ministro Paulo Guedes de que o mercado passaria 2022 revisando suas projeções para cima hoje, no entanto, temos alguns dados que sinalizam um 2023 promissor, entre eles destaco a melhora nas contas públicas, já que o governo vem tendo sucessivos superávits fiscais, com os melhores resultados dos últimos 11 anos, temos também um volume recorde de investimentos contratados no setor de saneamento que tem alto potencial de geração de empregos, somo o país emergente com melhor desempenho econômico no pós covid segundo o IFF, e o nível de confiança da indústria é o maior dos últimos 10 anos. O futuro é sempre uma incógnita, mas é certo que hoje temos dados muito melhores do que tínhamos ano passado e isso é sem dúvidas uma sinalização importante para o futuro.


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