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As queimadas na Amazônia, no Cerrado e no Pantanal acenderam um alerta para diferentes esferas socioeconômicas. Em meio à maior estiagem da história recente do Brasil, os danos ambientais também ameaçam o bolso do consumidor. Nos próximos meses, os preços de alimentos como verduras, legumes e frutas tendem a ficar mais caros por conta dos danos causados ao solo das plantações.
O mês de setembro é normalmente marcado pelo encarecimento dos produtos devido à transição do inverno para a primavera. Além disso, o Brasil apresenta um histórico de desastres ambientais que afetam negativamente o setor alimentício. O ano de 2024 apresenta um peso ainda maior para o impacto ecológico. De acordo com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o país registrou mais de 68 mil focos de queimadas neste mês, um aumento de 144% em relação ao mesmo período de 2023.
Uma vez desestruturado o solo, é necessário tempo para o restabelecimento da produção agrícola. Assim, o avanço das queimadas levam à escassez de alimentos e à redução na oferta. A seca ainda interfere na navegabilidade dos rios e limita fornecedores ao uso exclusivo do transporte rodoviário, que é mais caro. Bancos, consultorias e corretoras preveem alta no preço dos alimentos entre 4,5% e 7,5%.
Por isso, é preciso preparar o orçamento mensal para gastos maiores. Nas próximas semanas, os consumidores devem sentir os efeitos da aceleração do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que aponta a variação do custo de vida médio de famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos.
“A inflação, normalmente mensurada pelo IPCA, tem um impacto profundo na vida do consumidor, fazendo com que cada real valha menos do que antes, obrigando todos a repensar prioridades e a se adaptar a um novo cenário econômico em que a estabilidade financeira se torna um objetivo cada vez mais distante.”, destaca Fernando Lamounier, educador financeiro e CEO da Multimarcas Consórcios.
Não se sabe quando os preços serão normalizados. Ainda que temporário, os brasileiros precisarão de mais rigor para equilibrar o planejamento financeiro. Para não ser pego de surpresa, mudanças de hábito são necessárias. Preparar listas com os itens essenciais, evitar idas múltiplas ao supermercado durante a semana e estar atento a descontos são formas de driblar a inflação.
“O aumento do preço dos alimentos, impulsionado pelas queimadas e pela escassez de recursos, exige que o consumidor repense suas compras. Para evitar que essa realidade prejudique seu orçamento, é essencial planejar as refeições, aproveitar a sazonalidade dos produtos e buscar alternativas mais acessíveis, como hortas comunitárias”, aconselha Lamounier.
A instabilidade promovida pela crise climática preocupa diferentes setores. Sob pressão popular, o governo federal apresentou uma série de medidas para combater incêndios florestais e prevenir as consequências da seca. O Ministério da Agricultura, por exemplo, prevê R$6,5 bilhões a produtores rurais atingidos por queimadas. Além da urgência por práticas produtivas conscientes, é preciso comportamentos de compras mais sustentáveis.
“Com a crescente preocupação dos consumidores em relação ao aumento dos preços, principalmente de alimentos, é crucial estar atento às futuras oscilações no mercado. As previsões indicam que os impactos das queimadas podem prolongar o encarecimento de produtos essenciais. Para enfrentar esse cenário, além de repensar as prioridades de consumo, uma dica prática é criar um fundo de emergência específico para a possível variação com as despesas com alimentação, separando mensalmente uma pequena porcentagem extra da renda para evitar ser pego de surpresa com a alta de preços. Planejamento financeiro é a chave para garantir estabilidade em tempos de incerteza”, pontua Lamounier.
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