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- O PT, PDT, PSOL e PCdoB assinam manifesto contra a proposta de ajuste fiscal de Lula, criticando cortes em áreas essenciais como saúde, educação e benefícios sociais
- O manifesto de movimentos sociais ligado ao PT afirma que o mercado e a mídia não podem ditar as regras do país, defendendo mais investimentos públicos e menos sacrifícios para as classes vulneráveis
- A disputa sobre o ajuste fiscal gera divisões dentro do governo, com o PT resistindo a cortes nas áreas sociais, enquanto Lula avalia um pacote fiscal que possa equilibrar a economia sem prejudicar os mais pobres
O PT, PDT, PSOL e PCdoB assinaram um manifesto conjunto no qual se posicionam contra o corte de gastos em áreas sociais e criticam a pressão que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem exercido para implementar um ajuste fiscal no país. Movimentos sociais ligados ao próprio PT lideraram a elaboração do texto, que foi lançado no último domingo, dia 10, durante a semana em que o governo federal planeja anunciar um pacote de contenção de despesas no Orçamento.
A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann, assinou o manifesto em nome de seu partido, demonstrando seu desacordo com algumas propostas defendidas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, especialmente em relação à desvinculação dos benefícios da valorização do salário mínimo e as mudanças nos pisos de saúde e educação — medidas que impactam diretamente o equilíbrio fiscal do país. Gleisi tem se posicionado publicamente contra essas medidas, defendendo a manutenção de políticas públicas que garantam a proteção e o aumento das condições sociais mais básicas da população.
Manifesto
O manifesto, intitulado “Mercado financeiro e mídia não podem ditar as regras para o País”, expressa uma crítica contundente contra a postura do mercado financeiro e da mídia, que, segundo os signatários, estariam pressionando pela adoção de um ajuste fiscal que comprometeria as conquistas recentes em áreas sociais. A crítica também está em sintonia com as declarações de Lula, que, nos bastidores, tem se manifestado contra a imposição de cortes que afetem a população mais vulnerável e em favor de mudanças estruturais voltadas para a taxação de grandes fortunas e a revisão de subsídios.
A carta destaca que o Brasil alcançou avanços significativos nas áreas de emprego, salário e renda, e afirma que ninguém pode usar esses progressos como justificativa para novos cortes. Especialmente em setores essenciais como salário mínimo, aposentadorias, benefícios sociais e pisos de saúde e educação. O manifesto condena a pressão para reduzir recursos destinados a áreas vitais, afirmando que esses cortes representam um retrocesso, além de exacerbarem as desigualdades sociais.
No trecho mais contundente, o manifesto afirma: “Chega de hipocrisia e de chantagem! Cortar recursos de quem precisa do Estado e dos investimentos públicos só vai levar o País de volta a um passado de exclusão e injustiça que os movimentos sociais e o povo lutam há tempos, todos os dias, para transformar numa sociedade melhor e mais justa.” Este apelo reflete a resistência a medidas de austeridade que, segundo os movimentos, penalizariam os mais pobres em vez de enfrentar as distorções fiscais do país, como as renúncias tributárias e as emendas parlamentares.
Postura de Lula
A postura de Lula, que já havia comentado sobre a “hipocrisia” do mercado em relação aos cortes fiscais, também se reflete nesse manifesto. O presidente defende que o ajuste fiscal deve ser feito sem sacrificar as classes mais vulneráveis, priorizando ações que envolvam os mais ricos e a redução de privilégios. Lula pediu também que o Congresso e os empresários participem ativamente da redução de despesas, especialmente no que se refere à revisão de subsídios e renúncias fiscais.
Nos bastidores, aliados do governo temem que cortes nas áreas sociais possam prejudicar a imagem do PT, especialmente após as recentes eleições municipais, nas quais a esquerda já sofreu um desgaste político. O governo estuda limitar as principais despesas do Orçamento ao teto do arcabouço fiscal, que estipula um crescimento de até 2,5% acima da inflação, mas o presidente Lula ainda não tomou uma decisão definitiva sobre os detalhes do pacote. Após alguns atritos internos entre ministros de diferentes áreas, Gleisi Hoffmann afirmou, em entrevista, que o PT apoiará o que o presidente decidir. “Na hora em que o presidente Lula definir o rumo, e a gente confia muito nele, o PT não faltará a ele, nós vamos estar juntos”, disse a presidente do partido.
O debate sobre o ajuste fiscal, portanto, continua a gerar tensões dentro da base governista, especialmente entre os setores que defendem a manutenção das políticas públicas de inclusão social e aqueles que acreditam ser necessário um ajuste mais rígido para garantir a saúde fiscal do país. As próximas semanas serão cruciais para determinar o rumo das negociações, com o governo tentando equilibrar a pressão fiscal com a necessidade de manter as conquistas sociais conquistadas nos últimos anos.
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