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Recessão e inflação: o que será de 2022?

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Primeiro, veio a confirmação de que a onda inflacionária global não era apenas transitória. Depois, o receio de que o mundo caminhe para um período de recessão. Trata-se de um dilema em que a solução de um problema pode ser agravante para o outro. No Brasil, não é diferente, e o preço das commodities será um fator primordial para a nossa economia e para as decisões de investimento nos próximos meses.

As projeções de que a inflação alta seria contínua diminuíram, já que o choque das commodities foi menos agressivo do que o previsto. Afinal, a Rússia segue produzindo gás e petróleo, mas exportando cada vez mais à China e à Índia. Por outro lado, agora o mercado teme que o aperto monetário observado em vários países, que também contribui para o arrefecimento dos preços, cause uma retração na economia entre o médio e o longo prazo.

Nos Estados Unidos, essas previsões são embasadas. Sempre que os juros sobem para combater a inflação, a medida vem seguida de uma recessão. Os sinais internos, porém, são contraditórios. O PIB do país recuou 0,9% no segundo trimestre e 1,6% no primeiro — no Brasil, esse resultado representaria uma recessão técnica, mas não nos EUA. Por outro lado, em julho foram criados 372 mil empregos saudáveis, e a taxa de desemprego está estável no nível de 3,6%. Para cada desempregado, há quase duas vagas abertas.

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Por isso, há divergências se a maior economia do mundo está ou não em recessão, mas fato é que os investimentos e o consumo estão sendo impactados pela alta de preços, como no mercado imobiliário. E enfrentá-la é a prioridade do Federal Reserve (Fed), que elevou a taxa de juros em 0,75 ponto percentual, a 2,25% – 2,5% ao ano. O mercado ainda espera que haja novos aumentos, fazendo-a chegar a 3,5% até o fim de 2022. Assim, o risco de recessão segue no horizonte.

Os sinais da China também carregam incertezas. Depois do PIB crescer apenas 0,4% no segundo trimestre e 2,5% no semestre (afastando a possibilidade de atingir a meta de 5,5% este ano), a indústria deu um susto. O índice PMI, que mede as compras industriais, recuou de 50,2 em junho para 49 em julho. Na escala desse indicador, 50 representa estabilidade. O governo, contudo, anunciou políticas de incentivo, como o financiamento por meio de bancos de fomento.

Por aqui, tem havido certa resiliência econômica. O IPCA-15 de julho, prévia da inflação, ficou em 0,13%, bem abaixo da taxa de 0,69% registrada no mês anterior. Entretanto, a queda de preços é restrita e fruto de intervenções artificiais. Basta ver os itens que apresentaram as maiores quedas: Transportes (afetada pelos combustíveis); Educação, Leitura e Recreação (que inclui passagens aéreas); e Habitação (energia elétrica) — todas afetadas pela limitação do ICMS, que só vale até o fim do ano.

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Por isso, o boletim Focus desta segunda-feira (1°) reduziu a previsão da inflação deste ano de 7,30% para 7,15%, mas aumentou a expectativa do indicador para 2023, de 5,30% para 5,33%. Vários agentes do mercado concordam com a pesquisa e preveem que a taxa Selic feche 2022 em 13,75%. No entanto, o Banco Central também pode mirar os próximos dois anos ao tomar decisões no momento, então, há previsões de juros chegando a 14% ou mais ainda este ano.

A relação entre inflação e crescimento da economia observado no mundo também se vê no Brasil, que parece passar incólume ao aperto do Bacen. Há de se destacar que os preços não caíram devido à política monetária, mas a intervenções governamentais que justamente minam os efeitos das decisões do BC. Mas, no segundo semestre, isso deve mudar, com efeitos na renda, consumo e emprego, por exemplo.

Outro fator determinante para o cenário imediato e posterior é o preço das commodities. Com o breve alívio, dissipou-se parte da pressão sobre os preços ao consumidor. Mas como esses valores passaram muito tempo em baixa, espera-se que o aumento siga por um bom tempo, de modo a incentivar as empresas a investirem no aumento de produção. Boa notícia para o PIB brasileiro, muito dependente desses produtos, e que ilumina caminhos para se investir, mas um mau sinal para a inflação. 

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Por Rodrigo Sodré, economista e sócio da BRA


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