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Recorde no Ibovespa? Não é bem assim!

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No último dia 19 de agosto, foi amplamente divulgado na mídia que o Ibovespa, o principal indicador de desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3 (Brasil, Bolsa, Balcão), atingiu sua máxima histórica de 135.778 pontos. Essa tendência de alta se manteve ao longo do dia 20 de agosto, com o índice superando a marca dos 136.000 pontos.

Para os não iniciados no mundo do mercado financeiro, quando o Ibovespa atinge máximas históricas, isso, geralmente, é considerado um sinal positivo, refletindo a confiança dos investidores, valorização do patrimônio, atração de capital estrangeiro e expectativas econômicas favoráveis. Após uma alta histórica, paira no ambiente um certo otimismo, uma atmosfera de boas expectativas do mercado em relação ao ambiente de negócios e investimentos no país.

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No entanto, altas históricas nem sempre significam o que parecem. O recorde em pontos nominais não quer dizer que o índice está quebrando recordes em termos reais. Se tomarmos como base a inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), um valor reconhecidamente subdimensionado, e o corrigirmos, descobriremos que o All-Time High do Ibovespa aconteceu em 20 de maio de 2008, quando o índice bateu os 73.517 pontos. Em termos reais, para superar essa marca atualmente, o Ibovespa precisaria ultrapassar os 180.000 pontos. Impossível? Não! Mas pouco provável no curto prazo, ainda mais se considerarmos a conjuntura macroeconômica brasileira.

Vale mencionar que essa marca nominal histórica do Ibovespa foi impulsionada principalmente pelas expectativas de juros nos Estados Unidos e no Brasil, onde o horizonte de aumento da Selic parece cada vez mais real – indo na contramão do que deseja a administração petista. Em termos mais simples, o Brasil está barato se comparado a outras opções mais arriscadas e com menor capacidade de remuneração ao risco.

Ainda no caso específico, mesmo com a possível mudança na presidência do Banco Central, a diretoria vem sinalizando esforços para manter o índice de preços próximo à meta oficial de 3% ao ano – o que, em tese, sinaliza a manutenção e quiçá a elevação da Selic.

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Por um lado, se para investidores o atingimento de topos históricos quase sempre precede uma diminuição nos preços das ações; por outro, para os mais otimistas, a alta histórica nominal representa um indicador de que o Ibovespa ainda tem espaço para crescer. Resta apenas saber aproveitar as oportunidades.

Por Allan Augusto Gallo Antonio, professor de Economia e Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) e Pesquisador do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica (CMLE).


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