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Especialista acredita que ciclo de queda continuará em 2024, porém não devemos ter uma Selic baixa nos próximos anos.
Pela 5° reunião consecutiva, o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu reduzir a taxa básica de juros do Brasil, a Selic. O grupo manteve o ritmo que já vinha sendo adotado e comunicou um novo corte de 0,50 ponto percentual nos juros, levando a Selic para 11,25% ao ano. A decisão veio de acordo com a expectativa do mercado financeiro, que aguarda novos cortes nos juros ao longo do ano.
Segundo o último Boletim Focus, as expectativas de inflação no país seguem em queda, enquanto o PIB está mantido. A estimativa do IPCA para 2024 recuou de 3,86% para 3,81%, enquanto a previsão para a inflação de 2025 continua em 3,50%.
Segundo Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos, o mercado não acredita que os juros seguirão caindo por muito mais tempo, e em breve devemos ter uma estabilização. “Dificilmente vamos observar os juros abaixo de 7% ao ano como vimos anteriormente. Mesmo o DI recuando nos últimos dias, a curva para 2026 permanece acima de 9%, então o mercado acredita que esse ciclo não vai se estender muito”, explica.
O relatório Focus demonstra essa perspectiva dos analistas, com a projeção da Selic para 2024 permanecendo em 9,00%. A estimativa para 2025 se manteve em 8,50% e a projeção para 2026, por sua vez, continua no mesmo valor há 25 semanas seguidas. Para o ano de 2027, os especialistas consultados para o relatório apontaram a inflação nos mesmos 8,50%.
Equilíbrio fiscal segue sendo a principal incerteza
A economia brasileira tem sido tema de muitas discussões nos últimos anos, especialmente no que diz respeito ao equilíbrio das contas públicas. Os altos déficits e o crescimento da dívida pública têm gerado preocupação entre os especialistas. No entanto, há um ponto positivo a considerar: o cenário de queda na inflação e na taxa de juros.
“É importante lembrar que essa redução da Selic ajuda no controle da dívida, oferecendo um alívio financeiro. Além disso, as reformas implementadas nos últimos anos, desde a Reforma da Previdência em 2019, sinalizam uma busca ativa por melhorias no cenário fiscal”, comenta Paulo Cunha.
Apesar dos esforços do governo em buscar soluções para a situação fiscal do país, é evidente que ainda há muito trabalho pela frente. A sustentabilidade das contas públicas a longo prazo requer atenção constante e medidas eficazes para garantir estabilidade econômica e crescimento sustentável.
Neste contexto, entender o panorama da economia brasileira com foco na situação fiscal, taxas de juros e controle da dívida pública torna-se fundamental para todos investidores interessados no futuro financeiro do país.
“Nós temos um problema evidente que é o da dívida alta. É claro que já prevíamos um déficit considerável para 2023, porém foi o segundo pior da história. O governo está tentando criar novas fontes de receita para suprir isso, mas em nenhum momento se fala em corte de despesa, e sim crédito subsidiado, estímulo, e isso provavelmente vai impedir uma queda mais forte dos juros nos próximos anos”, comenta Paulo Cunha.
Como ficam os investimentos em renda fixa e renda variável?
A redução da taxa Selic tem influência direta nos investimentos de renda fixa, especialmente aqueles atrelados à taxa básica de juros, como os títulos públicos e fundos de investimento DI. Para investidores que já possuem títulos pré-fixados ou atrelados ao IPCA, a queda da Selic não altera o rendimento acordado no momento da compra. No entanto, novos investimentos em renda fixa poderão oferecer rentabilidades mais baixas, já que estas acompanham a tendência da taxa de juros.
Além disso, a redução na taxa Selic pode levar os investidores a buscar aplicações com maior retorno, potencialmente aumentando a demanda por ativos mais arriscados. O impacto da redução na taxa Selic sobre os investimentos em renda fixa depende de vários fatores, incluindo as condições econômicas vigentes, o sentimento dos investidores e o desempenho de outras classes de ativos.
“Mesmo com uma Selic menor, a renda fixa não perde seu valor, principalmente para aqueles investidores que buscam manter uma base sólida e menos sujeita às oscilações do mercado, servindo como um elemento estável em seus portfólios de investimentos. É sempre recomendável ter uma equipe para ajudar na montagem da carteira e traçar o perfil do investidor”, afirma o especialista.
Com as seguidas quedas na taxa Selic, o panorama dos investimentos em renda variável tem passado por significativas mudanças e despertado a atenção de economistas e investidores. A expectativa de que o Copom continue reduzindo a taxa de juros até o final do ano, com previsão de convergência da Selic para 9%, tem impacto direto no mercado de renda variável, valorizando índices como o Ibovespa e o IFIX.
Com essa projeção em mente, é importante entender como essas mudanças podem afetar os investimentos, especialmente no que diz respeito aos retornos esperados ao longo do tempo. Com a previsão de menores ganhos nos investimentos de renda fixa, como Tesouro Direto e debêntures, os investidores podem voltar a sua atenção para alternativas que possam oferecer maior rentabilidade diante desse cenário econômico.
Além disso, a expectativa da ampliação da participação dos títulos pós-fixados indexados à taxa flutuante na dívida pública sinaliza uma possível extensão do prazo médio desses títulos. Essas mudanças apontam para um ambiente desafiador e ao mesmo tempo repleto de oportunidades para quem deseja explorar novas estratégias e diversificar suas carteiras de investimento em busca de melhores resultados.
“Mesmo não sendo tão otimista com uma queda agressiva dos juros, a bolsa continua atrativa. Temos papéis com preços bastante descontados, visto que muitas empresas continuam saudáveis e registrando lucro. Temos um preço de commodities apreciado também, então as oportunidades na bolsa continuam e estão disponíveis para todos os investidores“, finaliza Paulo Cunha.
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