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Sem picanha? Inflação da carne pode dobrar ainda em 2024

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  • A carne bovina deve pressionar a inflação nos últimos meses de 2024, com uma alta projetada de 7,52%, quase o dobro do IPCA estimado em 4,39%
  • As exportações de carne bovina in natura cresceram 30% entre janeiro e setembro de 2024, intensificando a pressão sobre os preços no mercado interno
  • Condições climáticas adversas, como a seca e a escassez de pastagens, têm atrasado o ganho de peso dos animais. Dessa forma, contribuindo para a elevação dos preços e a alta da arroba do boi gordo

A carne bovina deve se tornar um fator significativo de pressão sobre a inflação nos últimos meses de 2024. Assim, com uma alta projetada que pode atingir quase o dobro do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) previsto. De acordo com Fábio Romão, economista sênior da LCA Consultores, a inflação da carne deve alcançar 7,52% este ano. Enquanto o relatório Focus, divulgado recentemente, estima que a inflação geral ficará em 4,39%.

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Um dos principais motores por trás dessa alta nos preços é o aumento das exportações de carne bovina in natura. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que, entre janeiro e setembro de 2024, o volume exportado cresceu 30%. No entanto, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Esse crescimento nas exportações exerce pressão sobre os preços no mercado interno, dificultando o acesso à carne a preços mais baixos para os consumidores brasileiros.

Além disso, as condições climáticas adversas, como a seca e a escassez de pastagens, têm prejudicado o ganho de peso dos animais, levando a atrasos no abate e, consequentemente, contribuindo para a elevação dos preços. A arroba do boi gordo, por exemplo, registrou uma alta de 3,39% na última semana, passando de R$ 295 para R$ 305.

Projeção de alta nas carnes

Romão também destaca que os preços no atacado geralmente antecipam os repasses ao varejo em um a dois meses, e essa tendência já começou a se refletir em setembro. No mês passado, o IPCA-Carnes teve uma alta de 2,97%, em contraste com uma queda de 2,10% no mesmo mês de 2023. As projeções de alta para os últimos meses do ano são alarmantes, com aumentos esperados de 3,27% em outubro, 2,29% em novembro e 1,79% em dezembro.

Para comparação, no último trimestre de 2023, as variações mensais de preços foram muito mais moderadas: 0,53% em outubro, 1,37% em novembro e 0,55% em dezembro. Isso, portanto, indica uma mudança significativa no cenário atual, onde as carnes devem se tornar o principal item de pressão no subgrupo Alimentação no domicílio, superando a inflação de outros alimentos.

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As projeções de inflação para alimentos em geral também indicam um aumento, com expectativas de 0,74% em outubro, 0,88% em novembro e 1,23% em dezembro. Romão observa que o IPCA-Carnes deve ter o maior acumulado trimestral desde 2020, quando o setor ainda enfrentava os efeitos da pandemia. Os resultados acumulados dos últimos trimestres foram: +15,04% em 2020, -0,06% em 2021, +0,56% em 2022 e +2,46% em 2023. Para 2024, a projeção de 7,52% para a inflação da carne destaca a gravidade da situação, especialmente em um contexto onde a inflação geral deve se manter em 4,39%.


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