
A possibilidade de Dilma Rousseff voltar às urnas em 2026 voltou ao radar. Em conversas de bastidor, aliados defendem que ela dispute o Senado por Minas Gerais, mirando uma correção de rota após o revés de 2018.
Ao mesmo tempo, a própria Dilma tem repetido que não quer concorrer. O impasse abre uma janela de incerteza: se ela entrar no jogo, mexe no tabuleiro mineiro e nacional; se ficar fora, o PT precisará redesenhar alianças locais em um estado-chave.
O que mudou desde 2018
Em 2018, Dilma tentou o Senado em Minas e ficou em quarto lugar. Hoje, caciques petistas avaliam que o ambiente pode estar menos hostil para sua marca política, graças à reorganização de forças no estado e à memória recente de resultados nacionais favoráveis ao campo governista. Ainda assim, rejeição e polarização seguem como entraves objetivos.
A leitura entre aliados é pragmática: uma candidatura ao Senado exige menos custo político que uma corrida presidencial e entrega visibilidade. O cálculo inclui palanques competitivos e acordos regionais que possam blindá-la de desgastes prévios.
Mesmo com essa engenharia, o obstáculo central permanece o próprio “não” de Dilma. Segundo relatos, ela tem dito “tô fora”, mantendo a porta entreaberta apenas para hipóteses remotas — e isso trava movimentos públicos de mobilização.
O fator BRICS: Xangai na equação
Hoje, Dilma comanda o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o “banco do BRICS”, a partir de Xangai. O mandato atual vai até julho de 2025 e, para uma recondução, depende do aval da Rússia, que indica o sucessor do cargo. Essa peça institucional pesa em qualquer plano eleitoral: uma candidatura exigiria descompatibilização política e narrativa clara sobre por que sair do posto.
Se optar por ficar no NDB, a ex-presidente mantém influência internacional e reduz o desgaste doméstico. Se optar por concorrer, transforma o banco em tema de campanha — com cobranças sobre entregas, custos e prioridades.
Nos bastidores, a permanência no NDB é vista como o caminho mais confortável hoje. Porém, política muda em semanas; contextos estaduais, pesquisas e alianças podem puxar o volante.
Riscos e custos para o Brasil
Risco político imediato: a entrada de Dilma em Minas repolariza o debate e empurra adversários a radicalizar o discurso, elevando ruído e travando pautas locais. Isso tende a encarecer alianças, cargos e negociações.
Risco institucional e de governança: uma campanha nacionalizada pode desviar foco do NDB, tema sensível em um tabuleiro geopolítico em reconfiguração. A dúvida sobre a recondução cria volatilidade em agendas externas de financiamento regional.
Risco econômico indireto: ruído eleitoral prolongado pressiona mercados e afeta previsibilidade para investimentos estaduais. Em cenários mais tensos, partidos ajustam promessas e ampliam gastos políticos — e alguém paga essa conta.
Cenários prováveis para 2026
Cenário 1 — status quo no NDB: Dilma segue em Xangai até 2025 e busca recondução. Esse roteiro desidrata a hipótese de candidatura, preserva capital internacional e reduz fricção doméstica.
Cenário 2 — candidatura ao Senado por MG: o PT mede pesquisas, costura alianças e lança Dilma tarde, como “fato político”. A aposta: alto recall, base mobilizada e palanque forte. O risco: rejeição cristalizada e memória de 2018.
Cenário 3 — plano alternativo do PT em MG: Dilma mantém o “não”, e o partido reposiciona outro nome para o Senado, negociando contrapartidas estaduais e federais para equilibrar o tabuleiro.
O que observar a partir de agora
- Sinais no NDB: agendas, discursos e movimentações sobre a recondução indicam prioridade internacional ou eleitoral.
- Pesquisas em MG: tracking interno do PT e vazamentos estratégicos revelam viabilidade real.
- Alianças locais: movimentos de PSD, MDB e partidos do centrão em Minas podem abrir ou fechar portas para um palanque competitivo.
Conclusão
Dilma diz que não quer concorrer. Porém, a hipótese de 2026 permanece viva porque serve a cálculos de aliados e pressiona rivais a se reposicionar. Se virar candidatura, o debate endurece e o custo político pode ricochetear na economia e nas alianças. Se não virar, o PT rearruma o palanque mineiro sem um nome nacional — e segue o jogo.
Pontos principais
- Aliados testam Dilma para o Senado por Minas e falam em cenário mais favorável que 2018
- A própria Dilma repete “tô fora”, enquanto comanda o NDB até julho de 2025 e depende do aval russo para seguir
- Se candidatar, repolariza Minas e eleva custos políticos; se não, PT redesenha o palanque local