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Esse SUV chinês custava R$ 230 mil e ninguém comprou: entenda o fiasco

De promessas grandiosas a desaparecimentos discretos: entenda por que tantas montadoras chinesas não conseguiram sobreviver no mercado brasileiro

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Eles chegaram com tudo. Mas saíram em silêncio. Assim pode ser resumida a trajetória de diversas marcas chinesas que tentaram conquistar o consumidor Brasil — e falharam de forma retumbante.

Enquanto nomes como BYD e GWM brilham com lançamentos cada vez mais modernos, algumas fabricantes asiáticas não conseguiram sequer criar uma rede de concessionárias sólida. Em casos extremos, venderam menos de 10 carros em todo o país. Sim, você leu certo: menos de dez unidades.

O caso da Seres: apenas oito carros vendidos

Uma das histórias mais emblemáticas desse fracasso é a da Seres, marca da gigante Dongfeng, uma das maiores montadoras da China. O SUV elétrico Seres 3, lançado no Brasil em 2022, prometia ser uma opção premium no segmento, com preço inicial de R$ 239 mil.

Mas o alto custo, aliado à baixa divulgação e falta de pontos de venda físicos, cobrou seu preço: apenas oito unidades foram emplacadas no Brasil em 2023, de acordo com dados da Fenabrave.

Na prática, a Seres não teve nem rede de concessionárias. As vendas aconteciam apenas online, sem possibilidade de test-drive ou assistência técnica acessível. Resultado? A marca sumiu do radar e desapareceu do mercado nacional.

Outras marcas que fracassaram por aqui

A Geely é outro exemplo clássico. Mesmo sendo dona da Volvo e da Lotus no exterior, não conseguiu decolar no Brasil. Sua tentativa mais ousada, com o sedã EC7, esbarrou na desconfiança dos consumidores, que se queixavam da qualidade de acabamento e dificuldade em encontrar peças de reposição.

A Lifan, que por anos teve presença constante no país, também não resistiu. Após problemas com a rede de concessionárias e queda nas vendas, encerrou suas atividades de forma discreta.

Já a Changan, uma das maiores da China, passou pelo Brasil em 2007, vendendo vans e minitrucks. Mas a proposta simplista e pouco competitiva não empolgou — e a empresa deixou o país sem fazer barulho.

Por que algumas marcas chinesas deram certo?

Curiosamente, enquanto algumas sumiam sem deixar rastros, outras marcas da mesma origem ganharam espaço. A BYD, por exemplo, investiu pesado em marketing, infraestrutura, rede de concessionárias e parcerias estratégicas com montadoras e empresas logísticas.

A GWM (Great Wall Motors) seguiu o mesmo caminho, apostando na produção local e na personalização de seus modelos ao gosto do consumidor brasileiro. O resultado? Modelos como o Haval H6 disputam mercado com SUVs renomados.

A Caoa Chery também virou referência ao nacionalizar seus veículos, garantindo melhor pós-venda, assistência técnica e adaptação ao perfil do consumidor nacional.

O Brasil é um mercado implacável

Não basta chegar com preço competitivo. Para sobreviver no Brasil, é preciso entender o comportamento do consumidor, investir em confiança, manutenção acessível e pós-venda eficiente. Algo que muitas montadoras chinesas ignoraram — e pagaram caro por isso.

Resumo em 3 pontos:

  • Algumas marcas chinesas, como Seres e Geely, fracassaram no Brasil após vender pouquíssimos carros.
  • O alto preço, ausência de concessionárias e falta de pós-venda afastaram os consumidores.
  • Em contrapartida, marcas como BYD e GWM prosperam ao investir em estrutura local, marketing e produção nacional.
Autor Anna Oliveira
Anna Oliveira

Formada em Letras pela UFPR, é redatora e professora de português.

Formada em Letras pela UFPR, é redatora e professora de português.