
Gilmar Ferreira Mendes é figura recorrente nas batalhas jurídicas e políticas brasileiras — tanto como magistrado do Supremo Tribunal Federal (STF) quanto como protagonista de decisões que geram acusações de favorecimento, obstrução de investigações e interferência institucional.
Neste panorama, surgem questionamentos sobre sua atuação nos grandes casos de combate à corrupção, bem como seu papel em decisões monocráticas e habemus decisões que alteraram rumos de investigações. A seguir, um panorama dos principais episódios investigados ou criticados.
Gilmar Mendes corrupção: a lista de escândalos
Indicado ao STF em 2002, no governo de Fernando Henrique Cardoso, Gilmar Mendes já era visto como figura controversa.
Em diversos momentos, suas manifestações públicas — críticas ao PT, a Lula, a Dilma Rousseff — e sua atuação com decisões monocráticas ou uso de habeas corpus em casos sensíveis despertaram oposição de setores da mídia, da magistratura e da academia.
Ao longo dos anos, acusações de “usos políticos do tribunal”, paralisação de investigações e obstrução judicial foram atribuídas ao ministro por críticos e veículos de imprensa.
Principais casos e controvérsias atribuídas a Gilmar Mendes
1. Decisões que “trancaram” investigações ou ações penais
Um dos pontos mais recorrentes nas críticas é que Gilmar Mendes teria usado sua autoridade como ministro do STF para suspender ou paralisar investigações ou processos criminais em curso, muitas vezes de implicados poderosos.
- Segundo reportagem da CNN Brasil, Mendes “trancou ação contra doleiro na Operação Fatura Exposta”, uma fase da Lava Jato que investigava intermediários financeiros. Agência Brasil
- Também são frequentemente citados nos meios jornalísticos decisões monocráticas suas que interromperam investigações ou impediram prosseguimento de ações penais contra figuras influentes (empresários, agentes públicos etc.). Crusoé
- A revista Época dedicou reportagem aos “estragos causados por Gilmar Mendes” no contexto da Lava Jato, apontando decisões que teriam enfraquecido a operação e protegido réus ou suspeitos.
Essas interrupções levantam dúvidas sobre o equilíbrio entre garantias processuais, prerrogativa de recurso e eventual interferência indevida no curso das investigações.
2. “Caneta amiga” e contratos da CBF
Outra controvérsia chama-se “Caneta Amiga”, termo usado para referir-se à suposta proximidade entre Gilmar Mendes e a CBF, especialmente quanto a contratos milionários da entidade esportiva, ligados a Gilmar Mendes Corrupção.
A revista Piauí / Folha publicou uma investigação que sugere intervenções judiciais que favoreceram a CBF, com resultados favoráveis em disputas contratuais e negociações, endossadas por decisões judiciais com participação direta ou indireta do ministro. Crusoé
Embora não haja (pelo menos até hoje) condenação criminal transitada envolvendo o ministro nesse episódio, a suspeita alimenta debates sobre conflito de interesses e independência do Judiciário frente a entidades poderosas.
3. Anulação de condenações da Lava Jato / decisões sobre réus famosos
Gilmar Mendes corrupção tomou decisões impactantes envolvendo réus célebres no âmbito da Lava Jato e processos correlatos:
- Em notícia recente, o ministro anulou todas as condenações de José Dirceu no âmbito da Lava Jato, decisão que causou repercussão política e jurídica.
- Em outras ocasiões, suas críticas públicas à Lava Jato se tornaram ácidas, chegando a afirmar que a operação “terminou como uma organização criminosa” e dizer-se “orgulhoso” das decisões que enfraqueceram a operação.
- Sua posição no julgamento sobre a prisão em segunda instância também foi decisiva — ao votar pela reversão da jurisprudência que permitia a execução de pena após condenação em segunda instância, participou da mudança legal que beneficiou muitos réus ainda sob efeito da Lava Jato.
Esses movimentos — especialmente anulações ou reviravoltas judiciais — alimentam a narrativa crítica de que Mendes teria atuado para reverter condenações da Lava Jato ou favorecer apenados.
4. Relação com investigações internas e institucionais
Em 2022, surgiu notícia de que o ministro era alvo de investigação na FGV (Fundação Getúlio Vargas), no âmbito de apuração sobre condutas éticas e administrativas.
Esses processos internos, embora de natureza diferente das acusações criminais, reforçam o caráter controverso de sua trajetória institucional.
Avaliação crítica & repercussões
Em muitas matérias, a crítica não é que ele se envolveu em corrupção direta, mas que suas decisões frequentemente ferem o espírito do combate à impunidade e geram suspeita de favorecimento institucional a réus poderosos.
— O impacto no combate à corrupção
Críticos alegam que Gilmar Mendes, com suas atuações, contribuiu para enfraquecer a Lava Jato e outras operações anticorrupção, revertendo condenações ou impedindo a continuidade de investigações.
— Reputação institucional e desgaste
O ministro frequentemente figura em debates públicos, manifestações midiáticas e divergências com colegas do STF. Isso contribui para a polarização sobre seu nome e para intensificação de críticas nas redes, na imprensa e no meio jurídico.
O uso de decisões monocráticas para “engavetar” processos, se confirmado em casos concretos, poderia gerar precedentes perigosos para o equilíbrio entre o Judiciário, o Ministério Público e o Executivo.
Conclusão
A trajetória de Gilmar Mendes com escândalos no STF é marcada por episódios que suscitam questionamentos sérios sobre sua postura frente ao combate à corrupção, o uso de prerrogativas judiciais e o poder institucional de frear investigações.
Não há, até o momento, uma condenação criminal transitada vinculada diretamente ao ministro, mas isso não impede que suas decisões sejam avaliadas sob o crivo da crítica pública e acadêmica.