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Elon Musk já declarou que pretende transformar a rede social em uma plataforma mais democrática e aberta. O caminho natural passa pelo modelo de organização autônoma descentralizada, conhecido como DAO.
A aquisição de 100% do Twitter, pelo mais inovador homem de negócios do mundo, gerou uma série de rumores do que estaria passando pela cabeça dele com esse movimento de compra. Por ser um entusiasta do “mundo cripto” e ter declarado sua intenção de tornar a plataforma mais aberta, naturalmente já acendeu uma luz de que podemos estar diante de uma transformação radical da companhia centralizada para um modelo DAO.
Mas o que seria uma DAO (Decentralized Automated Organization)? Trata-se de um modelo de empresa cujas regras são regidas via linhas de programação de computadores, gravadas na rede Blockchain e por meio dos chamados contratos inteligentes. Toda a confiança é depositada na tecnologia blockchain e nos códigos de programação que definem a organização e não em executivos do negócio.
Neste modelo, é possível descentralizar o poder de decisão passando para todos que são detentores de TOKENS daquele negócio, que são representações de participação acionária como se fossem ações de uma empresa listada na bolsa de valores.
Esses tokens seriam os chamados “tokens de governança”, que possuem poder de voto nas decisões sobre a plataforma e poderiam ser adquiridos nas chamadas exchanges (corretoras de criptoativos), da mesma maneira que Bitcoin (BTC), DogeCoin (DOGE), Ethereum(ETH) e outros.
Em um mundo onde o Twitter é uma organização descentralizada, uma “moeda” da rede pode permitir que os usuários definam quais mudanças Musk fará na plataforma daqui para frente.
Numa DAO, cada decisão a ser tomada é colocada em votação sistematizada. Quem não quer participar de todas as votações, delega seu poder de voto para alguém que confie dentro da organização. Geralmente isso ocorre quando alguns participantes se destacam, contribuindo bastante para o projeto, e acabam ganhando a confiança de outros menos engajados.
Substituindo Jack Dorsey, o atual CTO – recentemente promovido a CEO – do Twitter, Agrawal, desempenhou um papel fundamental no Bluesky, um projeto apoiado pelo Twitter para criar um protocolo — possivelmente com componentes blockchain — para construir redes sociais descentralizadas.
Parece bastante razoável que o Twitter já tenha em mente o caminho para o mundo descentralizado, inclusive tendo criado, há uns meses, uma unidade de negócios dentro da companhia chamada Crypto Twitter, para cuidar justamente de assuntos estratégicos da Web3. Charles Hoskinson, fundador da Cardano, uma das maiores redes de Blockchain, já havia se oferecido para criar um “Twitter Descentralizado” em sua rede, caso Musk não conseguisse comprar a companhia.
Nada impede que essa descentralização ocorra agora após a compra, não necessariamente apenas de uma rede de blockchain, mas em várias. Se optar por esta descentralização, naturalmente a rede Ethereum deverá ser prioritária por se tratar da maior e mais confiável blockchain de contratos inteligentes.
A aquisição foi benéfica para Musk aumentar sua influência política, haja visto que o twitter é a rede social onde estão as pessoas mais influentes do mundo, com quase 300 milhões de usuários diários, superando de longe os maiores veículos de imprensa do mundo. A mudança para uma organização autônoma descentralizada, apesar de os especialistas acharem improvável, ajudaria o bilionário a enfrentar as críticas de que somente ele controlando a rede social, poderia poluir todo o ecossistema de informações do mundo.
Já para a sociedade, traria todos os benefícios que Elon Musk sempre quis, com seu ideal libertário: Maior transparência e democratização na tomada de decisão de forma coletiva.
Por Cesar Sponchiado, Founder e CEO da Tunad
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