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O Brasil está diante de uma possível crise de saúde pública com a projeção de um aumento sem precedentes nos casos de dengue para o ano de 2024. Segundo estimativas do Ministério da Saúde, o país pode registrar um salto histórico para 4,2 milhões de infectados, um aumento de 149% em relação ao pior ano já registrado na série histórica.
A informação alarmante foi reforçada pela secretária de Vigilância em Saúde, Ethel Maciel, em uma coletiva de imprensa, enfatizando a gravidade da situação e a pressão que isso pode colocar sobre o sistema de saúde.
O cenário projetado para 2024 não só colocaria o ano como o mais crítico em termos de diagnósticos da doença, mas também representaria um aumento significativo em relação ao recorde atual de 2015, que contabilizou 1.658.816 casos.
Especialistas alertam: novos sorotipos e mudanças climáticas como causas principais
Esse aumento alarmante é atribuído a um conjunto de fatores, incluindo a introdução de novas variantes do vírus no país e o impacto das mudanças climáticas, que têm favorecido a proliferação e a atividade do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença.
Especialistas da área da saúde, como Mauro Teixeira, professor do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, e Kleber Luz, coordenador do comitê de Arboviroses da Sociedade Brasileira de Infectologia, destacam a circulação simultânea de múltiplos sorotipos do vírus da dengue como um dos principais motivos para o aumento dos casos.
Essa co-circulação de sorotipos, algo tecnicamente inédito, significa que as pessoas podem ser infectadas mais de uma vez, pois a imunidade a um sorotipo não protege contra os outros.
Além disso, o papel das mudanças climáticas na dispersão do mosquito e na maior incidência da doença tem sido uma preocupação crescente. Estados como Paraná e Santa Catarina, anteriormente menos afetados pela dengue devido às temperaturas mais amenas, hoje estão entre os mais impactados. O aumento da temperatura global eleva a proliferação e o tempo de vida do mosquito, intensificando sua reprodução e atividade biológica.
Combate ao mosquito Aedes Aegypti: estratégias e desafios na prevenção da dengue
Embora a situação pareça alarmante, Mauro Teixeira lembra que a dengue é uma doença cíclica, com epidemias ocorrendo periodicamente. A expectativa é que, apesar do aumento previsto para 2024, haverá uma melhoria nos anos seguintes, não necessariamente devido à introdução de vacinas, mas como parte do curso natural da doença.
O início da campanha de vacinação contra a dengue no Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente no Distrito Federal, marca um ponto de esperança em meio ao aumento de casos. A vacinação é direcionada aos jovens de 10 a 14 anos em 521 cidades selecionadas devido à alta incidência da doença.
No entanto, os especialistas alertam que o impacto da vacinação na epidemiologia da dengue demorará a ser percebido, dada a necessidade de duas doses para a imunização completa e o número limitado de doses disponíveis inicialmente.
O Brasil enfrenta um desafio significativo na gestão da dengue em 2024. A combinação de novos sorotipos do vírus, mudanças climáticas e relaxamento das medidas de controle contribui para um cenário preocupante. A resposta a este desafio exigirá esforços coordenados de prevenção, vigilância e tratamento, além da conscientização pública sobre a importância de medidas de controle do mosquito e a participação na campanha de vacinação.
Enquanto a nação se prepara para enfrentar este possível aumento sem precedentes nos casos de dengue, a esperança reside na ciência, na saúde pública e na capacidade de adaptação da população.
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