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Déficit comercial da UE é sinal de alerta para inflação global

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Gustavo Bertotti lembra que a Europa é muito dependente do gás importado da Rússia

O déficit comercial da União Europeia (UE) é um sinal de alerta para a inflação global, avalia o economista-chefe da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti. 

“Você tem uma Europa que é dependente da importação de gás e ela não tem saída, por enquanto. O maior ofertante é a Rússia, então a tendência é uma alta de preços e isso leva a um aumento generalizado no valor do produto ”

Diz.

Segundo Bertotti, a oferta de gás e outras commodities energéticas se encontra muito pressionada no atual contexto geopolítico. Mais do que isso, o preço das matérias-primas em alta e a consequente inflação colocam em xeque os planos da União Europeia de apertar ainda mais as sanções contra a Rússia por conta do conflito no leste europeu.

No dia 4 de maio, a presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen anunciou o mais recente pacote de sanções a Rússia. A maior novidade do comunicado foi a divulgação de um plano para zerar as importações de petróleo russo até o fim de 2022.

“Ursula von der Leyen afirmou que deseja zerar as importações de petróleo cru da Rússia em seis meses e dos derivados até o final do ano. Como vai fazer isso? Você tem uma inflação de 7,4% na Alemanha e o índice na zona do euro vai subir também”

Questiona.

Dados divulgados na manhã desta quarta-feira (18) confirmam a visão inflação da zona do euro chegou a 1,0% no mês de abril e chegou a um acumulado de 7,4% nos últimos 12 meses. No Reino Unido, o Índice de Preços ao Consumidor avançou 2,5% no mês e chegou a um acumulado de 9,0%.

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O economista aponta ainda que a alta do gás natural tem uma série de complicações para a cadeia global, inclusive para países que não utilizam o gás russo — como é o caso do Brasil.

“Com o preço subindo, você pode — dependendo do segmento- substituir essa fonte de energia por outra. Por exemplo, demandar mais carvão, então todas as commodities ligadas a energia tendem a se valorizar”

Afirma.

O petróleo, por exemplo, não demorou muito a sentir os impactos do conflito no leste europeu. No dia 23 de fevereiro, o barril de Brent estava cotado a US$ 96,75, saltando para US$ 113,80 nesta terça-feira (+17,62%). Aqui no Brasil, podemos ver os efeitos desse aumento principalmente nos combustíveis.

Na semana passada, por exemplo, a Petrobras anunciou um reajuste no preço do diesel nas refinarias. Segundo a petroleira estatal, o aumento veio na esteira da escassez do combustível, que fez o mesmo se valorizar mais do que o petróleo no mercado. O novo reajuste fez com que o litro do diesel ultrapassasse o valor do litro da gasolina em algumas cidades do Brasil.

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Desde o início do mês, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) reportou duas vezes que o preço da gasolina bateu recordes históricos no país. As recentes altas nos preços dos combustíveis impulsionaram o avanço nos preços da categoria Transportes, principal fator de pressão no IPCA — índice oficial da inflação brasileira — em março e abril.

E a inflação global, para Bertotti, não tende a ser passageira. Nos Estados Unidos, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) voltou a surpreender nos dados de abril e mostra que a inflação global é persistente. Enquanto isso, ele reforça, a UE ainda não elevou as taxas de juros para combater os avanços nos preços.

“A UE não mexeu nos juros ainda. O aumento precisa acontecer e você não eleva os juros em um mês e o problema da inflação vai embora no mês seguinte. Eu vejo que a Europa está muito atrasada na política monetária”

Explica o economista.

“Eu diria que esse momento não é nada favorável e para a inflação global. A tendência é que os preços vão continuar pressionados e com uma tendência de alta”

Finaliza.

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