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- O Banco Inter finalizou na última semana o seu processo de “migração” para Nasdaq, uma das principais bolsas de valores dos Estados Unidos;
- No entanto, algumas casas de análises e de recomendações seguem pessimistas com os papéis da empresa, que estrearam sobre perdas.
O Banco Inter não encontrou nenhuma “moleza” em seu processo de migração para a Nasdaq. Passando a ser agora Inter & Co, os analistas do Goldman Sachs e do Morgan Stanley trocaram as ações que são objetos de análise de BIDI3, BIDI4 e BIDI11 para INTR, ticker do papel negociado no exterior.
Contudo, não mudaram a visão bastante cautelosa que possuem para os ativos, que estrearam na última quinta-feira (23) na Bolsa americana em forte queda de 12,56%. E ja acumulam queda superior a 20% desde o soar do sino em seu primeiro pregão no mercado de Nova Iorque
O Morgan Stanley possui recomendação underweight (exposição abaixo da média) e preço-alvo de US$ 2,16 para o ativo, um valor 37,9% menor ante o fechamento da ação na véspera.
O que explicam os analistas?
Analistas do banco atribuem a classificação ao desafiador modelo de negócios do Inter de oferecer produtos e serviços gratuitos com altas recompensas e benefícios para atrair clientes e esperar fazer vendas cruzadas de produtos bancários onde não há experiência ou histórico.
Para o Morgan, é improvável que o Inter gere uma monetização significativa de clientes. A expectativa é de um retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) em um dígito baixo para os próximos 2-3 anos, sugerindo que as ações devem ser negociadas bem abaixo do múltiplo atual de 1,0 vez P/BV (Price to Book Value), um indicador que relaciona o preço da ação ao valor patrimonial proporcional a ela. O preço-alvo de US$ 2,16 assume que as ações serão negociadas a 0,5 vez o P/BV.
Já o Goldman Sachs tem recomendação de venda para os ativos INTR, com preço-alvo de US$ 4 (ainda um potencial de valorização de 15% frente o fechamento da véspera).
“Embora acreditemos que a listagem da empresa nos EUA possa melhorar a visibilidade das ações, alcançando um conjunto mais amplo de investidores, continuamos a ver desafios para a monetização de clientes”, destaca a análise, ressaltando o mesmo ponto do Morgan Stanley.
Os desafios para a monetização incluem exposição limitada ao crédito sem garantia, menor escala e taxa de ativação e foco de expansão internacional. O preço-alvo atualizado implica em um valuation de US$ 1,6 bilhão (R$ 8,2 bilhões), que se compara à avaliação anterior de preço-alvo de R$ 3,70 por ação BIDI4 e US$ 2,0 bilhões (R$ 9,5 bilhões).
O Goldman destaca que o Inter construiu uma plataforma digital sólida com 19 milhões de clientes, desfrutando de uma forte base de crédito. Desde sua virada digital iniciada em 2015, a empresa inovou com lançamentos de novos produtos, como sua plataforma aberta de investimentos e integração de comércio eletrônico ao banco.
“Embora entendamos que o Inter está construindo uma marca sólida de banco digital de consumo no Brasil, nossas preocupações estão relacionadas ao caminho da empresa para a lucratividade”, destacam os analistas do banco.
“Os cinco porquês”
Especificamente, eles destacam cinco pontos:
- 1) uma abordagem cautelosa ao crédito não garantido, perdendo, portanto, o núcleo da receita de varejo;
- 2) falta de vantagens competitivas claras em suas verticais de negócios, considerando sua baixa participação de mercado;
- 3) seu menor índice de cobertura – que representa a proporção que a provisão para risco de crédito é capaz de cobrir os créditos inadimplentes – em relação a outros bancos de varejo, permitindo o crescimento de menor margem de segurança no crédito sem garantia;
- 4) menor escala e menor taxa de ativação em relação ao seu principal concorrente digital Nubank (NUBR33), apesar de possuir um portfólio de produtos maior;
- 5) o foco de expansão internacional no mercado de remessas dos EUA, que consideram um caminho mais desafiador do que focar em sua grande base de clientes no Brasil.
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