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A Gafisa (GFSA3) comunicou que a Esh Capital ampliou sua participação na empresa para 7.499.755 ações, com uma aquisição de 570 mil papéis. Com isso, a gestora passou a deter 15,77976% do capital social da Gafisa.
Diante desse aumento de participação a Esh pediu convocação de assembleia geral extraordinária com o objetivo de deliberar acerca da suspensão do exercício dos direitos políticos de acionistas.
A participação atual não é suficiente para alterar a atual estrutura de controle da companhia, entretanto, a gestora fica com o direito de indicar membros para compor os órgãos de governança dela, notadamente o Conselho de Administração.
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A Gafisa x Esh Capital
A situação da Gafisa parece complicada, mas mostra em sua pura essência o que é o mercado de capitais brasileiro. No melhor estilo “lobo de Wall Street”.
O movimento da Gafisa é explicado com um dos fenômenos da bolsa de valores. O Short squeeze.
O short squeeze é uma operação derivada dos famosos “shorts selling”, (ou vendas em descoberto como conhecido no Brasil) estiveram em alta desde o começo do ano.
Esse método de investimento busca priorizar desvalorização de ações. Pode parecer confuso então vou explicar um pouco mais.
Em resumo, a venda em descoberto consiste em “emprestar” ações e depois vende-las.
Para entender como essa venda aposta na desvalorização das ações é preciso entender como funciona esse “empréstimo”. Um investidor “aluga” uma ação que ele não possui em sua carteira, e a vende.
Pessoalmente, gosto de visualizar essas informações em números para entender melhor, então segue um exemplo:
Um investidor “aluga” um ativo de 10 dólares e o vende por esse valor, contudo, o pagamento desse “aluguel” é realizado posteriormente, quando o investidor é obrigado a comprar novamente a ação e devolvê-la ao credor original. Neste momento, se o preço da ação for menor que os 10 dólares iniciais, digamos que 6 dólares, o investidor que vendeu em descoberto lucrou 4 dólares.
Por isso, é possível aos investidores apostarem na desvalorização de determinados ativos, essa prática é bem comum na bolsa americana. No entanto, como se trata de uma situação de alto risco, é recomendada apenas para investidores mais arrojados e experientes.
Short squeeze é quando os shorts são obrigados a recomprar sua posição (se zerar) e fazem as ações dispararem na bolsa (como Gafisa).
O short squeeze pode acontecer por alguns motivos técnicos:
- Uma pressão compradora forte obriga os investidores que apostam na queda da ação a zerar sua posição. Com muitos compradores (shorts se zerando), o preço da ação dispara;
- Os shorts não conseguem mais alugar ações e são obrigados a recomprá-la. Com muitos compradores (shorts se zerando), o preço da ação dispara.
No caso de Gafisa, as duas coisas aconteceram simultaneamente.
No último dia 29 de dezembro, a Gafisa anunciou a venda de sua parte no Fasano Itaim por R$ 330 milhões. Segundo a empresa, o negócio demonstra a capacidade da companhia na restruturação de ativos.
Nada demais, GFSA havia adquirido o empreendimento no fim de 2020 por R$ 310 milhões. Mas o valor de mercado total de Gafisa, no dia 28 de dezembro, era de R$ 215 milhões.
Sim, o mercado brasileiro está tão louco que Gafisa vendeu um de seus imóveis por mais de 150% do valor de mercado para a empresa inteira.
“A causa da treta”: o aumento de capital
O Conselho de Administração da Gafisa homologou parcialmente o aumento de capital privado previamente aprovado em 24 de novembro de 2022, no montante de R$ 78,1 milhões, mediante a emissão de 13.257.013 ações ordinárias, pelo preço de emissão de R$ 5,89.
Tendo em vista a homologação parcial do Aumento de Capital, o capital social da companhia passará a ser de R$ 1,331 bilhão, dividido em 51.140.671 ações.
A Esh Capital, do gestor Vladimir Timerman, que possui 15% das ações de Gafisa, alega que a incorporadora não precisa de mais capital neste momento.
A pressão da Esh Capital
A Esh Capital detém atualmente 11,06% de participação na construtora e tentava antecipar a AGE para discutir ação de responsabilidade contra administradores e membros do conselho da empresa. Investidores acusam prejuízos à construtora em operações irregulares nos últimos anos.
A Esh Capital chamou uma assembleia de acionistas (AGE – Assembleia Geral Extraordinária) para deliberar sobre o aumento de capital.
Para votar na assembleia, os acionistas precisariam de suas ações e deveriam acabar com seus contratos de aluguel no mercado.
Sem aluguel, os shorts foram obrigados a recomprar as ações.
Com o anúncio da venda do Fasano mais o “sumiço” do aluguel, estava montado o short squeeze do ano.
Em movimento de correção Gafisa (GFSA3) sai de leilão nesta quarta-feira (4) e cai 22,44%, R$ 16,52.
Ainda dá tempo de participar das altas da gafisa?
Segundo analistas da Nord research, apesar da recente alta, ainda existem possibilidades de lucrar com as ações da Gafisa, considerando que os papéis estão negociando a multiplos interessantes. Afinal, antes do short squeeze, GFSA negociava a quase 10% do seu patrimônio (0,1x preço/patrimônio).
Por outro lado, o momento do mercado gera desconfiaça para as ações. Analistas apontam que os juros estão altos demais, o que dificulta a venda de empreendimentos pelas incorporadoras (o comprador precisa pegar empréstimo a juros altíssimos).
E com o novo governo aumentando os gastos (PEC do Rombo), imaginamos que os juros deverão continuar altíssimos por muitos anos.
Ao mesmo tempo, Gafisa possui um endividamento elevado de 8x Ebitda atualmente e com perspectiva de Ebitda caindo nos próximos trimestres.
Claro, os empréstimos são para financiar empreendimentos de longo prazo e a companhia sempre pode continuar vendendo propriedades para quitar dívidas.
Quem apostou em Gafisa lucrou pesado
Quem apostou nas ações da Gafisa (GFSA3) neste fim de ano está mais feliz que quem fez apostas para a mega-sena da virada.
As ações da companhia de incorporação Gafisa subiram 126% em 3 dias. Saíram de R$ 6,28 no fechamento do dia 27 para R$ 14,16 no fechamento do dia 2 de janeiro.
Inacreditáveis 29% no dia 28 de dezembro, 22% no dia 29 e 43% no dia 2.
Nos últimos 30 pregões, as ações já dobraram de valor:]
Sobre a Gafisa
A Gafisa é uma construtora e incorporadora brasileira. Há 68 anos no mercado é uma das incorporadoras e construtoras mais respeitadas do país, com mais de 1.200 empreendimentos entregues e presente em mais de 40 cidades e 19 estados do Brasil. Além disso, a unidade autônoma de negócios Gafisa Propriedades, atua com foco na aquisição, desenvolvimento e gestão de ativos imobiliários para geração de renda.
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