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Super Quarta: especialistas comentam expectativas para decisão do FED e BC

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A taxa Selic será novamente revisada nesta semana entre terça e quarta na primeira reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do ano. E é consenso do mercado que a taxa se mantenha em 13,75%. Enquanto isso, nos EUA, o FED, banco central americano, irá divulgar, também na quarta-feira, um possível aumento na taxa de juros em 25 p.p. 

Para o cenário doméstico, segundo Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, de maneira geral o comportamento dos preços no Brasil tem sido mais benéfico do que se esperava há um tempo atrás. Ainda assim, o ano de 2023 segue cheio de incertezas. “Temos declarações polêmicas em relação a independência do BC e possíveis mudanças em relação à meta de inflação. Tudo isso tem interferência na dinâmica da curva de juros. À medida em que começarmos a ver uma inflação menor, o BC vai atuar para que a taxa de juros seja compatível com os níveis de inflação. Mas esse não é o cenário base. Hoje, temos um cenário de riscos fiscais e, até que a gente veja a inflação melhorando de fato, acredito que a estratégia seguirá sendo a de manutenção de juros“, comenta.

De acordo com Jorge, o mercado já precifica uma manutenção de juros na próxima reunião. “Então, isso não muda nada em relação à curva de juros, principalmente a mais curta. A volatilidade vai ficar por conta de todas essas incertezas em relação à política fiscal com impacto mais significativo nos vértices de médio e longo prazos“, diz.

De acordo com Caio Canez de Castro, sócio da GT Capital, o rumo que o BC está tomando está certo, pois os cenários que se apresentam ainda são muito inconsistentes e qualquer tomada de decisão agora pode resultar em uma desestabilização no mercado de juros. “É essencial no nosso atual contexto alguma estabilidade para que tanto o governo como também o Banco Central possam ter cenários mais consistentes para os próximos passos. Manter a taxa de juros real em níveis altos por tanto tempo pode trazer diversas consequências, por isso acredito que o principal desafio será entender qual o nível de redução da Selic o BC poderá chegar, sem aliviar a estratégia contracionista dedicada a inflação e sem sinalizar ao governo que poderá manter a sua dívida alta, ou seja, acelerar nos gastos públicos durante 2023”, explica.

Castro também afirma que, com a manutenção da taxa Selic, a curva de juros ainda levará um tempo para fechar definitivamente, visto que o mercado aguarda uma sequência de comunicados oficiais do Banco Central demonstrando confiança na redução. “O boletim Focus vem demonstrando semana a semana o quanto o mercado desacredita na redução da Selic no curto prazo e apesar de mostrar uma taxa baixa de juros em 12,50% no fim de 2023, a curva de juros ainda precifica uma taxa acima disso para o mesmo período”, comenta. 

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Para Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, também não há motivos suficientes que justifiquem uma possível alta da Selic: “Por conta de muitos dos dados anunciados terem vindo com uma inflação moderada, dentro do esperado, não há nada que justifique uma alta de maior magnitude. O comunicado deve reiterar tudo o que o Copom vinha justificando nas últimas reuniões, com a adição de um fiscal cada vez mais comprometido e que, sem dúvida, deve impactar negativamente na inflação lá na frente, além, claro, do aumento de forma relevante do risco Brasil, o que deve ser ‘equilibrado’ via taxa de juros“, diz Alves.

Jaiana Cruz, planejadora financeira e sócia da AVG Capital, acredita que a queda da Selic pode se tornar realidade a partir do segundo semestre de 2023, mas o cenário continua repleto de incertezas. “É importante lembrar que a PEC de Transição aprovada em dezembro agravou a saúde fiscal do país. Somando isso a uma postura expansionista por parte do governo que vem se desenhando para os próximos anos, é compreensível que os riscos de aumento na inflação adiem o ciclo de corte de juros“, diz.

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Para aproveitar a taxa alta, Jaiana indica títulos indexados ao IPCA, que estão cada vez mais atrativos, visto que estão pagando um juro real alto (em torno de 6% acima da inflação). “O ideal é o investidor optar por títulos do Tesouro Direto que tenham vencimentos nos vértices intermediários da curva de juros (entre 2028 e 2033). Vale considerar também investimentos em títulos de crédito privado que não são tributados, como as debêntures incentivadas, por exemplo, ou os certificados de recebíveis, tanto do agronegócio quanto do setor imobiliário. Lembrando sempre de atentar para a nota de crédito do papel, dando preferência aos títulos AAA“, ressalta Cruz.

Bruno Piacentini, economista e professor da Eu me banco, acredita que os títulos pós-fixados são boas opções para o investidor, que muitas vezes, só olha para esse título como reserva de emergência por conta de sua liquidez e baixo risco de mercado: “Os títulos atrelados a taxa CDI não possuem o mesmo risco de marcação a mercado que os títulos prefixados e, com a alta taxa de juros, são uma ótima opção de rentabilidade“.

Em relação aos títulos atrelados ao IPCA, mesmo que paguem uma rentabilidade real ao investidor, Piacentini recomenda cuidados: “Com a inflação elevada, os juros sobem para conter a demanda da economia e, assim, controlar a inflação. Assim como vimos nas últimas reuniões do COPOM, com a taxa Selic saindo de 2% para 13,75%. Então, se iremos aumentar nossa rentabilidade com a parte pós-fixada deste título (atrelada ao IPCA), podemos perder dinheiro com a parte prefixada, que sofre com a marcação a mercado“.

Por outro lado, Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos e pós-graduado em análise financeira, é um bom momento para começar a comprar ativos prefixados aos poucos.  “Minha sugestão é ir devagar e comprar aos poucos. Se esperar Selic cair, pode perder taxas altas, pois o mercado já terá precificado a queda de juros. Outra saída é comprar LCIs e LCAs que pagam de 95 a 100% por um ano. São ótimos porque não têm desconto de imposto de renda. Agora, abaixo de 95%, é furada”, comenta.

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Nos EUA, o FED divulgará o aumento na taxa de juros em 25 p.p, de acordo com consenso do mercado. Para Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, possivelmente o comunicado a ser divulgado deverá ser mais dovish porque os EUA vem mostrando sinais de queda na atividade econômica. “Tivemos notícias de queda de consumo, queda da produção industrial, queda da inflação. PIB veio abaixo do esperado e isso faz com que aumente o medo da recessão, mesmo que branda. Todos esses fatores contribuem para que os juros não subam mais tanto. E o comitê deve abordar todos esses fatores no comunicado”, diz.

Para Rafael Scardua, sócio da Matriz Capital, caso realmente haja essa sinalização de afrouxamento no aumento das taxas de juros nos EUA, os mercados devem reagir positivamente. “Isso porque, uma vez que tal decisão abra espaço para que seja iniciada a queda da taxa de juros, com isso, as empresas terão mais espaço para se expandirem”, reflete.


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