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Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), disse ter sido importante, mas insuficiente ante as necessidades socioeconômicas nacionais, o crescimento do PIB de 2,9% em 2022, conforme divulgou nesta quinta-feira (2/03) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“E é preocupante verificar queda de 0,2% no quarto trimestre, interrompendo uma sequência de cinco períodos positivos, sinalizando tendência de retrocesso, que precisa ser rapidamente neutralizada”.
O dirigente salientou que uma das razões principais do recuo nos últimos três meses do ano passado, segundo opinião praticamente unânime dos economistas, é a elevadíssima taxa de juros, que começa a apresentar impacto efetivo na economia. “Há, ainda, conhecidas questões crônicas que obstaculizam o nível de atividade, como impostos altos, instabilidade do câmbio, insegurança jurídica e todo o acervo danoso do ‘Custo Brasil’, que encarece em R$ 1,5 trilhão por ano o custo operacional das empresas em nosso país em relação à média da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), como demonstra estudo do Boston Consulting e entidades de classe”.
Além de todos esses fatores pontuais e crônicos, Cervone apontou uma questão crucial: a indústria só avançou 1,6% em 2022. “Este é um fator inibidor da meta de crescimento econômico de pelo menos 4% ao ano, índice necessário à recuperação do mercado de trabalho e aumento do patamar médio de renda. Porém, só conseguiram isso as nações que elevaram a participação da indústria na economia acima de 20%”, alertou, lembrando:
“O PIB de nosso país, que entre 1950 e 1980 apresentou aumento médio anual de 7% alicerçado na manufatura e na infraestrutura, foi perdendo fôlego à medida que o parque fabril foi sendo minado em sua competitividade pelos problemas nacionais”.
Para o dirigente, tal relação não é mera coincidência. “Afinal, a indústria é responsável por quase 70% dos gastos privados em P&D, responde por mais de 50% de nossas exportações, estabelece relações de trabalho majoritariamente formais e paga salários acima da média nacional. Assim, o crescimento sustentado da economia brasileira não será alcançado sem o seu fortalecimento”.
Por isso, é preciso promover a reindustrialização, com ações e estratégias modernas, planejamento para o curto, o médio e o longo prazo, subsidiado por inovação e que proporcione linhas especiais de crédito, incentivos à produção, regime tributário indutor de investimentos e incentivo às pequenas empresas.
“A indústria precisa de uma política pública de Estado, e não de governos, para dar suporte ao crescimento sustentável da economia nacional acima das pífias médias às quais temos assistido nas últimas décadas”, concluiu Cervone.
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