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Análise de ações: O EBITDA não é mais um “bom indicador”?

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O EBITDA (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) há muito é considerado um indicador chave na análise da performance operacional das empresas. Sua simplicidade e correlação aparente com a geração de caixa o tornaram popular entre investidores e analistas. No entanto, essa métrica vem enfrentando crescentes críticas por supostamente oferecer uma visão distorcida da saúde financeira das empresas, especialmente no setor de tecnologia.

Recentemente, o banco BTG Pactual juntou-se ao coro de críticos, lançando um relatório que aponta o EBITDA como uma métrica “enganosa e sem sentido”, argumentando que ela não é uma boa representação da performance operacional de um negócio, principalmente no setor de tecnologia. Essa posição encontra eco nas palavras de Charlie Munger, que uma vez descreveu o EBITDA como “bullshit earnings”.

Segundo o relatório do BTG, o setor de software exemplifica bem as limitações do EBITDA. Muitas empresas de tecnologia capitalizam despesas com Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), e essa prática pode inflar artificialmente o EBITDA, dissociando-o da real geração de caixa operacional. Os analistas Osni Carfi, Carlos Sequeira e Guilherme Gutilla do BTG destacam que, no caso do setor de software, o EBITDA muitas vezes não reflete as despesas financeiras associadas a recebíveis pré-pagos e a capitalização de despesas.

Um exemplo positivo citado pelo BTG é a VTEX, empresa de tecnologia que mostra uma conversão quase idêntica de EBITDA para geração de caixa operacional, com uma diferença de apenas 1 ponto percentual. Isso ocorre porque a VTEX registra 100% de suas despesas com P&D como custos operacionais, ao invés de capitalizá-las como investimentos. Além disso, a empresa possui um capex e despesas de leasing insignificantes. Mariano Gomide, cofundador da VTEX, defende essa abordagem, argumentando que os CIOs modernos registram o P&D como despesa e não como capex, enfatizando a necessidade contínua de investimento em P&D para manter os sistemas atualizados.

Por outro lado, a Infracommerce é apontada como um exemplo negativo, apresentando uma diferença significativa de 26 pontos percentuais entre a margem EBITDA reportada e a margem da geração de caixa operacional. Isso se deve em grande parte à alta despesa financeira da empresa por antecipar recebíveis e à capitalização das despesas com P&D. A Infracommerce também se destaca por ter a maior despesa de leasing em relação à sua receita líquida (3,7%). Esses fatores resultaram em uma margem negativa da geração de caixa operacional de -8,4% nos últimos doze meses, em contraste com uma margem EBITDA reportada positiva de 17,6%.

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O BTG aponta que outras empresas, como ClearSale, Locaweb, Bemobi e Totvs, também apresentam grandes diferenças entre as margens EBITDA e de geração de caixa operacional. Em contrapartida, a CI&T tem números mais próximos, com uma diferença de apenas 1,9 ponto percentual.

O analista Osni Carfi ressalta que o EBITDA deixou de ser uma boa proxy para o resultado operacional em vários setores, não apenas em tecnologia. Cada setor tem suas particularidades que impactam a métrica de maneiras diferentes. O banco planeja publicar nas próximas semanas um relatório similar, focando no setor de telecomunicações.

Este cenário ressalta a importância de uma análise financeira mais aprofundada e cautelosa, indo além de métricas simplificadas como o EBITDA, especialmente em setores dinâmicos e inovadores como o de tecnologia.

O que é a análise fundamentalista?

A análise fundamentalista é uma ferramenta essencial no mundo dos investimentos, proporcionando uma compreensão profunda sobre o valor real de uma empresa ou ativo. Este método, que contrasta com a análise técnica, não se baseia apenas nos movimentos de preços do mercado, mas sim em uma avaliação detalhada dos dados financeiros e econômicos da empresa.

O cerne da análise fundamentalista está no exame de indicadores financeiros e econômicos, incluindo lucro líquido, receita, fluxo de caixa, dívida e saúde econômica do setor de atuação. Investidores e analistas utilizam essas informações para determinar o valor intrínseco de um ativo, o que lhes permite tomar decisões de investimento mais informadas.

Esta abordagem é particularmente útil em tempos de volatilidade do mercado, onde os preços das ações podem ser influenciados por fatores externos, como sentimentos de investidores ou eventos globais. Ao se concentrar nos fundamentos econômicos e financeiros de uma empresa, os investidores podem identificar ações subvalorizadas ou sobrevalorizadas e ajustar suas carteiras adequadamente.

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Um dos principais desafios da análise fundamentalista é a necessidade de acesso a informações financeiras detalhadas e atualizadas. Empresas listadas em bolsas de valores geralmente disponibilizam esses dados publicamente, mas a análise requer um certo nível de conhecimento e experiência para ser eficaz.

A análise fundamentalista também é valorizada por sua aplicabilidade em diferentes tipos de mercados e ativos. Além de ser utilizada no mercado de ações, ela pode ser adaptada para o mercado de commodities, imobiliário e até mesmo para criptoativos. Esta versatilidade a torna uma ferramenta valiosa para uma ampla gama de investidores.

Além disso, a análise fundamentalista não se limita a uma visão estática do valor de uma empresa. Ela leva em consideração as perspectivas futuras, como planos de expansão, potencial de crescimento do setor e inovações tecnológicas. Isso permite aos investidores uma visão mais holística, que é crucial para decisões de investimento a longo prazo.

Nos últimos anos, a análise fundamentalista tem sido complementada pelo uso de tecnologias avançadas, como inteligência artificial e aprendizado de máquina. Estas ferramentas permitem uma análise mais rápida e precisa de grandes conjuntos de dados, potencializando a eficácia da análise fundamentalista.

A educação e o treinamento contínuos são fundamentais para quem deseja utilizar a análise fundamentalista. Existem numerosos cursos, certificações e recursos educacionais disponíveis para aqueles que desejam aprofundar seus conhecimentos nesta área. O aprendizado contínuo é crucial, dada a natureza dinâmica dos mercados financeiros e as constantes mudanças econômicas globais.

Em conclusão, a análise fundamentalista é uma ferramenta poderosa para investidores que buscam uma compreensão aprofundada do valor real dos ativos. Ela oferece uma base sólida para a tomada de decisões de investimento, permitindo que os investidores naveguem com mais confiança em um mercado em constante mudança. À medida que a tecnologia continua a evoluir, a análise fundamentalista também se adapta, mantendo sua relevância e eficácia no mundo dos investimentos.

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