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Queda abrupta da Petrobras leva Ibovespa a recuar quase 2%, refletindo impacto da decisão de não pagar dividendos extraordinários.
A Bolsa de Valores brasileira enfrentou uma sessão turbulenta nesta sexta-feira, com o Ibovespa iniciando o dia em forte baixa de 1,85%, aos 125.962,59 pontos, perdendo mais de 2 mil pontos. O principal motivo por trás desse declínio foi a queda vertiginosa das ações da Petrobras (PETR3; PETR4), que desabaram 12,31% e 11,66%, respectivamente.
A decisão da Petrobras de não distribuir dividendos extraordinários aos acionistas foi o fator determinante para o desempenho negativo das suas ações, abalando a confiança dos investidores. Essa medida, que contrastou com as expectativas do mercado, ofuscou os resultados positivos do quarto trimestre da empresa.
O impacto da Petrobras se estendeu para outros setores do mercado acionário. As ações de empresas como Vale (VALE3) apresentaram uma dinâmica oposta, registrando um leve aumento, mesmo diante da queda de mais de 1% no preço do minério de ferro. Enquanto isso, os grandes bancos operaram de forma mista e setores como companhias aéreas, construtoras, empresas de educação, frigoríficas, siderúrgicas, varejistas e companhias de telecomunicações também foram afetados pela tendência negativa.
Além disso, o dólar comercial teve uma alta de 0,90%, atingindo R$ 4,978, e os juros futuros (DIs) ampliaram as altas por toda a curva. Os indicadores econômicos divulgados também contribuíram para o clima de cautela, com o IPC-S subindo 0,56% na primeira quadrissemana de março, de acordo com a FGV, e as concessões de empréstimos no Brasil caindo 11,1% em janeiro, segundo o BC.
Os investidores estavam especialmente atentos ao payroll dos EUA, aguardando informações sobre o relatório de empregos de fevereiro, o que também influenciou o desempenho dos índices futuros em Wall Street, que operaram em baixa.
Petrobras registra lucro menor e corte de dividendos sob governo Lula
A Petrobras divulgou seus resultados financeiros referentes ao ano de 2023, marcado pelo primeiro ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à frente da estatal. O lucro da empresa atingiu R$ 124,6 bilhões, representando uma queda significativa de 33,8% em comparação com o ano anterior, que registrou um recorde sob o governo Bolsonaro.
Em contrapartida, os investimentos da Petrobras aumentaram, evidenciando uma estratégia de priorizar o direcionamento de recursos para projetos internos. Essa mudança de foco refletiu diretamente na distribuição de dividendos aos acionistas, que diminuíram expressivamente em 66,4%, totalizando R$ 72,4 bilhões.
A decisão da empresa de não pagar dividendos extras, como havia ocorrido no ano anterior, surpreendeu e frustrou investidores, que esperavam uma distribuição adicional entre US$ 4 bilhões e US$ 9 bilhões. Contudo, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, ressaltou que essa medida visa priorizar investimentos para garantir um crescimento rentável a longo prazo.
Prates enfatizou que, além dos dividendos, a sociedade brasileira se beneficia com a arrecadação de impostos gerada pela Petrobras, que alcançou R$ 240 bilhões em 2023. Ele destacou também o crescimento do valor de mercado da empresa desde que assumiu a gestão, em janeiro de 2023.
Apesar da redução nos dividendos, a regularidade dos pagamentos sob o governo Lula surpreendeu positivamente o mercado. A mudança na política de dividendos, que passou a prever uma distribuição de cerca de 45% do fluxo de caixa livre, contribuiu para essa estabilidade.
No entanto, os números do quarto trimestre de 2023 mostram uma tendência preocupante, com lucro líquido de R$ 31 bilhões, 28,4% menor em comparação com o mesmo período do ano anterior. A Petrobras enfrenta desafios diante da redução de receitas de vendas e do Ebitda, embora tenha registrado um aumento em relação ao trimestre anterior.
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