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Foto/Reprodução Petrobras
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A instabilidade na Petrobras e a intervenção governamental

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A recente substituição de Jean Paul Prates por Magda Chambriard na presidência da Petrobras não é apenas uma mudança administrativa, mas um reflexo da turbulência e da intervenção política que têm caracterizado a gestão da estatal durante o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Essa decisão marca uma vitória clara da linha intervencionista do governo, que insiste em manipular a petroleira para fins políticos em detrimento de sua saúde financeira e operacional.

A saída de Prates, ex-senador do PT pelo Rio Grande do Norte, ocorre em um cenário de intensa “fritura” interna, em que conflitos com figuras-chave, como o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, tornaram-se públicos e prejudiciais. Esses desentendimentos culminaram em uma série de decisões que refletem uma preferência por manobras políticas a estratégias econômicas sustentáveis. A nomeação de Chambriard, ex-diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP) durante o governo de Dilma Rousseff, apenas reforça essa dinâmica, prometendo mais do mesmo para a Petrobras.

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O episódio mais emblemático dessa gestão foi a disputa sobre a distribuição dos dividendos extraordinários da petroleira. Enquanto Prates defendia uma distribuição justa de 50% dos lucros aos acionistas, o grupo liderado por Silveira pressionava por reter esses fundos, supostamente para melhorar a capacidade de investimento da empresa. O presidente Lula, ao arbitrar essa disputa, optou por apoiar Silveira, indo contra a transparência e a governança corporativa ao influenciar a votação dos conselheiros indicados pela União.

Essa intervenção não só demonstrou um desrespeito flagrante pela autonomia da estatal, mas também provocou reações negativas do mercado financeiro, com uma desvalorização da empresa em mais de R$ 55 bilhões em um único dia. Tal instabilidade é prejudicial à Petrobras e a todo o mercado nacional, refletindo uma falta de confiança na capacidade do governo de gerir as finanças e operações de uma das maiores companhias de petróleo do mundo de maneira apolítica e eficiente.

A insistência do governo em usar a Petrobras como instrumento de política econômica em vez de permitir que ela opere como uma empresa independente e voltada para o mercado tem raízes profundas na história recente do Brasil, mas nunca deixou de ser uma estratégia arriscada. A falta de habilidade política alegada a Prates pelos aliados de Lula pode, de fato, ser vista como uma resistência necessária contra a crescente politização de uma empresa que deveria estar focada em eficiência e lucratividade.

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Ao observar o histórico de instabilidade gerencial e os desafios que a Petrobras enfrenta atualmente, é essencial questionar a viabilidade de uma gestão estatal que priorize a intervenção política em detrimento da expertise técnica e econômica. A continuidade dessa abordagem poderia comprometer o futuro da companhia e o desenvolvimento econômico do Brasil como um todo.

Por Hugo Garbe, professor de Ciências Econômicas do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM). 


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