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Lula inaugura obras inacabadas e pagas pelo Governo Bolsonaro

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  • O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem intensificado suas viagens pelo país e participado da entrega de obras
  • A última pesquisa Quaest, divulgada há duas semanas, mostrou, assim, um leve aumento na aprovação do governo
  • Isto, contudo, uma intervenção que ele mesmo anunciou em 2008 e que, apesar da inauguração, ainda não está concluída

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem intensificado suas viagens pelo país e participado da entrega de obras. Estas que, em muitos casos, não receberam verba federal ou foram financiadas em grande parte pela gestão do antecessor Jair Bolsonaro.

“Esse esforço faz parte de uma estratégia” para melhorar a avaliação de sua administração. Um levantamento realizado pelo Jornal GLOBO identificou seis cerimônias recentes nas quais Lula esteve presente. Ainda, apesar de a gestão petista não ter desempenhado um papel crucial na liberação dos recursos.

O governo, no entanto, busca interromper a tendência de queda na popularidade ao divulgar essas obras, uma tendência observada desde o ano passado. A última pesquisa Quaest, divulgada há duas semanas, mostrou um leve aumento na aprovação do governo. Dessa forma, com o índice dos que consideram a administração ótima ou boa passando de 33% para 36%. Simultaneamente, as percepções negativas recuaram de 33% para 30%, com uma margem de erro de dois pontos percentuais. No entanto, o foco em inaugurações tem gerado alguns constrangimentos.

Recentemente, Lula enfrentou críticas ao entregar uma obra inacabada no campus de Osasco da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Isto, contudo, uma intervenção que ele mesmo anunciou em 2008 e que, apesar da inauguração, ainda não está concluída.

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Lula com a reitora da Unifesp, Raiane Assumpção e junto o ministro da Educação, Camilo Santana — Foto: Ricardo Stuckert/PR/05-07-2024


“Depois de quatro anos de espera, finalmente estamos presenciando a inauguração oficial de apenas metade de um novo campus da Unifesp. Ainda nos faltam o auditório, o prédio da biblioteca, a quadra e os anfiteatros”, disse a estudante de Direito Jamily Assis ao discursar no evento.

O dinheiro do governo?

A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) esclareceu que o campus de Osasco possui dois edifícios: o principal está concluído, e o segundo, que abrigará a biblioteca, ainda não foi finalizado. A atual administração federal alocou R$ 18 milhões para essa obra, o que corresponde a 17,6% dos R$ 102 milhões totais investidos, conforme dados fornecidos pela própria universidade.

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No dia anterior à entrega na Unifesp, o presidente Lula participou da inauguração das obras do BRT em Campinas (SP). A construção deste projeto teve início em 2014, e, de acordo com a prefeitura de Campinas, a atual gestão federal contribuiu com apenas 1,6% dos R$ 380 milhões investidos. Enquanto 77,3% da verba foi direcionada durante o governo de Jair Bolsonaro, entre 2019 e 2022.

“O povo de Campinas deve saber que essas obras foram viabilizadas com recursos do governo federal, da Caixa, do BNDES, e ainda teremos mais. Quando houver projetos consistentes, o governo federal estará presente aqui e em outras cidades.” Lula destacou a importância do financiamento federal.

Em Feira de Santana (BA), uma situação semelhante ocorreu com a duplicação de uma rodovia. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) anunciou a conclusão de uma parte do projeto, com a atual administração alocando R$ 136 milhões, menos de 30% do total investido no trecho. Em outubro de 2022, o Dnit havia comunicado que já havia completado 35 dos 40,3 quilômetros previstos para duplicação. A gestão petista continuou os investimentos na infraestrutura rodoviária e deu prosseguimento às obras, de acordo com o órgão.

Esses eventos ilustram a estratégia do governo atual de associar sua gestão à conclusão e inauguração de projetos iniciados anteriormente, enquanto enfrenta o desafio de reforçar sua presença e influência na execução de obras públicas.

O prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins (MDB), disse ao GLOBO que a gestão anterior concluiu a maior parte da obra.

“O governo Bolsonaro inaugurou uma parte grande dessa ligação. Ficou um viaduto, concluído em janeiro do ano passado, e mais três viadutos que foram inaugurados pelo presidente Lula”, disse Martins.

Demais obras e investimentos

Em maio, Lula inaugurou o Hospital Estadual Costa das Baleias na Bahia. O investimento de R$ 200 milhões veio integralmente da gestão local. Isto, conforme informado pela Secretaria Estadual de Saúde. O governo federal contribuiu com R$ 12 milhões apenas para a implantação do serviço de radioterapia.

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Em fevereiro, Lula inaugurou o Ginásio Educacional Olímpico Isabel Salgado no Rio de Janeiro, construído no local da antiga Arena Carioca 3. Este, que havia sido aberta em 2016 para os Jogos Olímpicos. Acompanhado por ministros e pelo prefeito Eduardo Paes (PSD), que concorrerá à reeleição com o apoio do PT. Lula destacou que a prefeitura financiou exclusivamente a obra de R$ 33 milhões..

No mesmo mês, Lula, portanto, inaugurou o Terminal Intermodal Gentileza no Rio de Janeiro com a presença do prefeito. A obra, iniciada em 2022 e custou quase R$ 300 milhões, foi inteiramente financiada sem verbas federais. A Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos afirmou que a construção ocorreu através de um termo aditivo à PPP do VLT. Assim, sem repasses do governo federal.

“Eduardo (Paes), parabéns. Agora pare de me pedir dinheiro. Quando vejo esse cara chegando em Brasília, já invento que estou viajando para não ter que recebê-lo”, disse Lula, brincando com seu aliado.

Retomada de obras inacabadas e paralisadas por governos anteriores

A Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) declarou, portanto, que o governo tem trabalhado para retomar obras abandonadas ou paralisadas pelos governos anteriores. A Secom reconheceu que algumas construções já estavam próximas da conclusão antes da posse de Lula. Mas alertou que, sem a intervenção do atual governo, essas obras poderiam se tornar inacabadas e inúteis.

Sobre as obras mencionadas, a Secom explicou que a rodovia em Feira de Santana, contratada em 2014, sofreu com alocação lenta de orçamento. Dessa forma, tendo sua execução intensificada apenas em 2023.

Em relação ao ginásio na Arena Carioca 3, a pasta destacou que a inauguração faz parte do legado dos Jogos Olímpicos de 2016 e da destinação de equipamentos. No caso do Terminal Gentileza, a Secom ressaltou que o projeto conecta o BRT Transbrasil e os VLTs do Centro do Rio, integrando o pacote de mobilidade do governo. A Secretaria também mencionou que o BRT de Campinas, contratado em 2014, recebeu financiamento federal.

Sobre o hospital estadual na Bahia, a Secom informou que o governo integrará a unidade ao SUS e destinará recursos federais para os serviços. A pasta destacou que a conclusão do prédio principal do campus da Unifesp ocorreu, e a autorização para a obra foi concedida em maio de 2016.

“Agenda” de inaugurações

A prefeitura do Rio de Janeiro financiou completamente a construção do Ginásio Educacional Olímpico Isabel Salgado. Em fevereiro deste ano, o presidente Lula inaugurou a unidade, localizada no município do Rio de Janeiro. Com essa inauguração, transformou-se pela primeira vez um estádio olímpico em uma escola pública.

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O governo destinou R$ 136 milhões para um dos lotes da duplicação da BR-116, entre Feira de Santana e Santa Bárbara, na Bahia, o que representa menos de 30% do investimento total. Na semana passada, o presidente Lula visitou o local para inaugurar um trecho da obra e cedeu espaço no palanque ao deputado Zé Neto (PT), pré-candidato à prefeitura de Feira de Santana.

Em fevereiro deste ano, o presidente Lula e o prefeito do Rio, Eduardo Paes, que busca a reeleição, inauguraram o Terminal Intermodal Gentileza, na Zona Portuária. A construção, iniciada em 2022, custou quase R$ 300 milhões, mas o governo federal não forneceu verbas para a obra.

Em maio, o presidente Lula visitou Teixeira de Freitas, na Bahia, para inaugurar o Hospital Estadual Costa das Baleias. O governo estadual, no entanto, financiou totalmente a construção da unidade de saúde, que contou com um investimento de R$ 200 milhões. Com 216 leitos, incluindo 30 de UTI, o hospital oferece serviços de urgências, tratamento de doenças crônicas e exames.

O presidente Lula inaugurou novos prédios no campus da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em Osasco, na Grande São Paulo. Embora Lula tenha anunciado o projeto em 2008, dessa forma, ele ainda não concluiu a obra. O governo atual contribuiu com menos de 20% do valor total investido na construção dos prédios.

Na semana passada, o presidente Lula inaugurou o BRT em Campinas, no interior de São Paulo. A atual gestão destinou apenas 1,6% dos R$ 380 milhões investidos na obra, enquanto o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro alocou 77,3% da verba.


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