Sistema de pagamentos do BRICS quer substituir o SWIFT

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Valentina Matviyenko, uma das principais senadoras da Rússia, revelou que o novo sistema de pagamentos do BRICS, denominado BRICS Bridge, já está em uma fase avançada de desenvolvimento, com testes sendo realizados em todos os países membros do bloco. Em uma coletiva de imprensa recente, Matviyenko destacou que a presidência do BRICS, atualmente ocupada pela Rússia, acelerou significativamente a evolução do sistema, que tem sido uma prioridade estratégica para o grupo desde que a Rússia assumiu a presidência rotativa em fevereiro de 2024.

O BRICS, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, busca criar um sistema de pagamento digital autônomo como resposta às sanções econômicas que afetam um de seus membros, a Rússia, devido ao conflito na Ucrânia. Com o país excluído do sistema de pagamentos internacionais SWIFT e enfrentando sanções crescentes por parte de países ocidentais, a necessidade de um sistema financeiro independente tornou-se ainda mais urgente.

De acordo com Matviyenko, a criação do BRICS Bridge representa uma potencial “bomba global”, no melhor sentido, por sua capacidade de oferecer uma alternativa viável ao sistema financeiro global dominado pelo Dólar e pelo Euro. “A criação da plataforma de pagamento financeiro independente BRICS Bridge, um sistema de pagamento mútuo autônomo em uma plataforma conjunta firme, está sendo discutida agora dentro do BRICS”, afirmou a senadora. Ela também ressaltou que a Rússia está liderando o projeto, com colaboração estreita entre os bancos centrais e ministérios das finanças de todos os países do BRICS, incluindo os novos membros que se juntaram ao bloco recentemente.

O novo sistema de pagamento digital tem gerado grande expectativa entre os membros do BRICS e outros países que desejam alternativas aos sistemas financeiros tradicionais. A governadora do Banco Central da Rússia, Elvira Nabiullina, confirmou que 159 países já demonstraram interesse em adotar o BRICS Bridge, o que poderia transformá-lo em uma ferramenta poderosa para promover transações comerciais fora do controle das potências ocidentais. Nabiullina também destacou que muitos desses países não fazem parte do bloco BRICS, mas estão prontos para utilizar o novo meio de pagamento em suas transações internacionais.

A cúpula do BRICS, que ocorrerá em outubro de 2024 em Kazan, Rússia, é vista como um momento decisivo para o futuro do BRICS Bridge. Matviyenko expressou esperança de que o sistema seja formalmente aprovado durante o encontro, ou pelo menos que as discussões levem a uma decisão concreta sobre o formato e a data de lançamento. “Se funcionar, será uma bomba globalmente, no melhor sentido”, afirmou a senadora, indicando o potencial transformador do novo sistema.

A criação do BRICS Bridge também levanta questões sobre sua estrutura e funcionamento. De acordo com informações de uma página na internet chamada BRICS-Pay, o projeto envolve a criação de uma moeda digital de banco central (CBDC) e utiliza tecnologia descentralizada baseada em blockchain. A solução conta com o apoio de representantes dos cinco países do BRICS, incluindo brasileiros, russos, indianos, chineses e sul-africanos. No entanto, a seriedade dessas informações ainda não foi confirmada oficialmente pelas autoridades do bloco.

O BRICS foi criado em 2006 com o objetivo de promover o desenvolvimento econômico e fortalecer a influência global de seus membros. Desde então, o grupo tem buscado alternativas ao sistema financeiro global, promovendo maior cooperação em áreas como comércio, finanças, energia e tecnologia. A introdução de um sistema de pagamentos independente como o BRICS Bridge poderia ser um passo significativo nessa direção, oferecendo aos países membros e outros interessados uma forma de realizar transações sem depender das infraestruturas financeiras tradicionais dominadas pelos Estados Unidos e Europa.

Se bem-sucedido, o BRICS Bridge poderá mudar a dinâmica do comércio internacional e do sistema financeiro global, desafiando a hegemonia do Dólar e do Euro. A cúpula de outubro será um evento crucial para definir o futuro desse ambicioso projeto, que promete remodelar o cenário econômico global e oferecer novas oportunidades de cooperação entre os países emergentes e em desenvolvimento.

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