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Investimento em infraestrutura no Brasil está no pior patamar desde 2013

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  • O Brasil precisa aumentar seus investimentos em infraestrutura para pelo menos 4% do PIB anualmente, mas atualmente está abaixo de 2%, levando à deterioração dos ativos
  • O estoque de capital em infraestrutura caiu para 35,5% do PIB em 2024, o pior nível desde 2013, muito abaixo do ideal de 60% indicado por especialistas
  • A falta de investimento gera um ciclo vicioso que limita o crescimento econômico. O Brasil precisa de recursos suficientes para manutenção e modernização da infraestrutura existente
  • O país enfrenta desperdício de recursos devido à falta de planejamento adequado. É essencial tratar projetos de infraestrutura como iniciativas de Estado, com uma visão de longo prazo
  • A defasagem nos investimentos é mais crítica em setores como transportes e saneamento, afetando diretamente a mobilidade urbana e a qualidade de vida em diversas regiões do país

O Brasil precisa urgentemente ampliar seus investimentos em infraestrutura para garantir um desenvolvimento sustentável e eficaz.

Atualmente, os investimentos na área estão abaixo de 2% do Produto Interno Bruto (PIB), um patamar que é alarmantemente baixo se comparado ao mínimo necessário de 4% a 4,5% para promover um crescimento robusto e a modernização dos ativos existentes.

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Um estudo encomendado ao economista Claudio Frischtak pela consultoria Inter.B, divulgado pelo Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon), revela que a deterioração da infraestrutura brasileira está se acentuando, com o estoque de capital no setor caindo para apenas 35,5% do PIB em 2024, o pior nível desde 2013.

Índices melhores

Este número está muito aquém do ideal, que, segundo pesquisas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), deveria ser superior a 60%. Historicamente, o Brasil já atingiu índices melhores, como os 53,4% registrados em 1983, mas desde então, o país tem lutado para manter investimentos adequados.

A falta de recursos está diretamente relacionada à incapacidade de manter a infraestrutura atual, resultando em um ciclo vicioso que prejudica o crescimento econômico. Entre 2022 e 2024, o investimento médio anual no setor ficou abaixo de 1,9% do PIB, quando a manutenção básica exigiria pelo menos 1,4%.

Frischtak enfatiza que a infraestrutura no Brasil está envelhecida, com uma média de idade entre 30 e 40 anos, o que exige constante substituição e modernização.

Além da questão da quantidade de investimentos, o estudo também aponta falhas na alocação de recursos. O Brasil enfrenta um cenário de desperdício significativo, com projetos que muitas vezes carecem de planejamento adequado.

Frischtak sugere que a abordagem deve ser transformada, tratando a infraestrutura como um projeto de Estado, em vez de ser visto como uma responsabilidade de cada governo que passa. Isso requer uma visão de longo prazo, que envolva todos os níveis de governo — federal, estadual e municipal.

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Previsão para investimentos

Em termos de números, a previsão para investimentos em 2024 é de R$ 212,7 bilhões, o que corresponde a 1,85% do PIB. Desse total, R$ 142 bilhões devem ser provenientes do setor privado, enquanto R$ 70,7 bilhões virão de gastos públicos.

Humberto Rangel, diretor executivo do Sinicon, alerta que sem uma melhora na capacidade de arrecadação, o Brasil ficará preso em um ciclo que limita o crescimento: “Se o país não amplia a sua capacidade de arrecadação, não sobra dinheiro para investir. E, se não investe, ele não cresce.”

O Ministério dos Transportes reconhece a importância de aumentar os investimentos públicos e de facilitar a participação do setor privado. O secretário executivo, George Santoro, menciona que, nos últimos anos, houve uma média de apenas 1,5 concessão rodoviária por ano, um número que precisa ser significativamente aumentado para atender às demandas do país.

A defasagem nos investimentos é mais evidente em setores críticos, como transportes e saneamento. Entre 2001 e 2004, os investimentos em transportes ficaram em 0,67% do PIB, enquanto o ideal seria de 1,98%. No saneamento, a média foi de apenas 0,19%, com a necessidade aumentando para 0,44%. O marco regulatório aprovado em 2020 busca recuperar o tempo perdido, mas os desafios permanecem.

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Lacunas de impacto

Essas lacunas têm impactos diretos na qualidade de vida da população e na competitividade das empresas. A crise de mobilidade urbana é uma realidade em várias regiões metropolitanas e cidades médias, exacerbando problemas sociais e econômicos. O estado das rodovias, por exemplo, é alarmante. Com muitas delas apresentando má qualidade e baixo investimento, especialmente em regiões como o Nordeste e em estados com fragilidade fiscal.

Para que o Brasil possa romper esse ciclo de deterioração e ineficiência, é fundamental uma reavaliação profunda das estratégias de investimento em infraestrutura. Ainda, com foco em planejamento de longo prazo, maior envolvimento do setor privado e uma gestão eficaz dos recursos.


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