Continua após o anúncio
Pela primeira vez na história da Argentina, o peso superou a marca de 1.000 unidades por dólar na taxa de câmbio oficial. O recorde foi alcançado nesta terça-feira, 19 de novembro, durante as negociações iniciais, e reflete um momento crítico para a economia do país. Este feito resulta de uma estratégia de desvalorização gradual promovida pelo Banco Central, que busca controlar a volatilidade cambial e proteger as reservas internacionais.
Índice de conteúdo
Desvalorização Controlada e Acúmulo de Reservas
A política cambial do Banco Central da Argentina é centrada em uma desvalorização planejada do peso, com depreciações mensais em torno de 2%. Essa abordagem foi intensificada após a posse do presidente Javier Milei, em dezembro do ano passado. Desde então, a entidade acumulou um saldo positivo de US$ 20,237 bilhões, segundo dados da agência Reuters.
“Esse processo de ajuste gradual no câmbio tem como objetivo central garantir previsibilidade ao mercado e sustentar a recuperação das reservas internacionais, fundamentais para a estabilidade macroeconômica do país”.
afirmou um economista do Banco Central, em nota.
Na sessão de hoje, o peso foi cotado a 1.002,5 por dólar, consolidando a desvalorização que, ao longo de 2024, já atingiu níveis históricos. Apesar disso, a estratégia tem gerado questionamentos sobre sua sustentabilidade diante de um cenário econômico desafiador.
Inflação e Desafios econômicos
A desvalorização ocorre em um contexto de inflação galopante na Argentina, que ultrapassou os 140% nos últimos 12 meses. Essa escalada pressiona o poder de compra da população e dificulta a recuperação econômica.
“Ao permitir a gradual desvalorização do peso, o Banco Central tenta equilibrar as reservas cambiais sem agravar ainda mais o custo de vida, mas o impacto é limitado, dado o cenário inflacionário extremo”, explicou a economista Laura Fernández, da Universidade de Buenos Aires.
Além disso, o peso desvalorizado encarece a importação de bens essenciais, o que pode pressionar ainda mais os índices de inflação. Por outro lado, a estratégia pode beneficiar exportadores, ao aumentar a competitividade de produtos argentinos no mercado internacional.
Repercussão e perspectivas
O marco histórico gerou ampla repercussão no mercado financeiro e entre especialistas. Para muitos, o patamar simbólico de 1.000 pesos por dólar destaca a fragilidade econômica da Argentina e a complexidade de reverter essa tendência.
“A travessia de uma taxa de câmbio tão alta aponta para uma crise estrutural na economia argentina. Essa é uma consequência de décadas de políticas inconsistentes e problemas macroeconômicos que ainda carecem de solução”, afirmou Juan Carlos López, analista financeiro.
Apesar dos esforços do Banco Central, especialistas alertam para os riscos de uma perda de confiança na moeda local, o que poderia desencadear uma fuga de capitais e aumentar a dolarização da economia.
Cenário Político e Econômico
A administração de Javier Milei enfrenta pressões significativas para conter a crise econômica. Suas políticas, baseadas em princípios de mercado e cortes nos gastos públicos, ainda encontram resistência em um país historicamente marcado por intervenções estatais.
“Estamos implementando medidas para proteger a economia e garantir um futuro mais estável para os argentinos. A desvalorização controlada é apenas uma parte de uma estratégia mais ampla”, declarou o presidente durante uma coletiva recente.
No entanto, críticos destacam que as medidas ainda não produziram resultados perceptíveis para a população. A taxa de pobreza no país alcançou 40%, segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censos (INDEC), enquanto a taxa de desemprego permanece em dois dígitos.
Follow @oguiainvestidor
DICA: Siga o nosso canal do Telegram para receber rapidamente notícias que impactam o mercado.
2 comentário
Show
Show de bola