Continua após o anúncio
- O primeiro turno das eleições de 2024 mostrou que os candidatos de esquerda não conseguiram igualar os votos recebidos por Lula (PT) nas eleições de 2022
- Apesar da forte presença de Lula no cenário político, sua influência, no entanto, não se traduziu em vitórias para os candidatos de esquerda
- As eleições demonstraram que o bolsonarismo continua a ter relevância no cenário político
- Destacando, assim, a complexidade das dinâmicas políticas atuais no Brasil.
O resultado do primeiro turno das eleições municipais de 2024 revela uma inquietante tendência no campo progressista. A figura do presidente Lula (PT) parece ter uma presença mais forte do que os próprios candidatos de esquerda. Em diversas cidades, os progressistas não alcançaram a mesma quantidade de votos que o presidente recebeu nas eleições de 2022. O que levanta questões sobre a “viabilidade da narrativa ideológica” em tempos de campanhas personalistas.
Neste cenário, o PT optou por priorizar a construção de alianças estratégicas visando as eleições de 2026, em vez de focar em candidaturas competitivas em capitais.
Essa estratégia, contudo, se reflete nos números: enquanto o PT terá apenas quatro candidatos disputando o segundo turno em capitais, o PL conseguiu reeleger dois prefeitos. E, ainda apresenta nove outros postulantes com chances reais de vitória.
A participação de Lula na campanha foi consideravelmente “tímida”, especialmente em comparação com as expectativas iniciais. Ele participou de apenas três eventos ao lado de Guilherme Boulos (PSOL) em São Paulo. E, dedicou parte de sua agenda à gravação de propagandas eleitorais para aliados em Brasília.
Essa postura cautelosa de Lula permitiu que partidos de centro-direita, como PL, PSD e União Brasil, fortalecessem suas candidaturas. O que, por sua vez, concede a essas legendas um maior poder nas negociações do Congresso.
Em um momento em que o governo precisa aprovar a regulamentação da Reforma Tributária e a indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central, essa força adicional pode ser determinante. Além disso, a urgência em regulamentar o mercado de apostas, especialmente diante do crescente endividamento das famílias, reforça a necessidade de alianças estratégicas.
Resultados e sua influência
Os resultados das eleições municipais também têm o potencial de influenciar as negociações para a disputa pela presidência da Câmara dos Deputados a partir de 2025. Os partidos que se destacam nas eleições municipais ganham um argumento poderoso nas tratativas. Visto que, a eleição de prefeitos e vereadores pode aumentar suas chances de eleger deputados estaduais e federais no futuro. Vale lembrar que muitos prefeitos fazem a transição para o Legislativo após deixarem o comando municipal.
Em Brasília, a possibilidade de uma reforma ministerial deve ser considerada, especialmente à luz do desempenho dos partidos nas eleições municipais. A avaliação desse desempenho, contudo, será crucial para o governo decidir sobre eventuais mudanças na composição ministerial.
Em termos de novas lideranças, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, se destaca, contudo, como uma figura política relevante. Especialmente pelo seu envolvimento ativo na campanha de Ricardo Nunes (MDB) na capital. Tarcísio conseguiu se posicionar de forma diferenciada em relação a Jair Bolsonaro (PL), que ficou em uma posição mais conservadora, considerando Nunes “moderado demais”.
Competitividade
Outro nome a ser destacado, portanto, é o de Pablo Marçal (PRTB), cuja competitividade desde o início da campanha motivou a migração de apoios em São Paulo. Assim, especialmente entre os mais conservadores.
Essas eleições, no entanto, deixaram claro que, embora Lula seja uma figura política de grande relevância, o bolsonarismo continua a prosperar. Independentemente de Jair Bolsonaro, revelando a complexidade e a dinâmica do cenário político brasileiro.
Follow @oguiainvestidor
DICA: Siga o nosso canal do Telegram para receber rapidamente notícias que impactam o mercado.