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Alta do valor do trigo e outros insumos utilizados na produção de pães contribuem para puxar a inflação para cima; IPCA já soma 11,73% no acumulado do ano
O café da manhã dos brasileiros está mais caro. Essa realidade pode ser vista com clareza a partir dos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que registrou alta de 0,47%, na comparação com abril. No total, o acumulado nos últimos 12 meses é de 11,73%. A inflação dos alimentos registrou o segundo maior peso na inflação, apenas perdendo para o transporte. A farinha teve variação de 3,18%, já o leite teve variação de 3,37% e acumula 28,03% de aumento em 2022.
Fábio Pizzamiglio, diretor da Efficienza, empresa especializada em negócios internacionais, explica a correlação do aumento da inflação dos alimentos e as atuais circunstâncias do comércio exterior.
“Não há como negar os impactos que temos atualmente no comércio exterior. O valor dos contêineres continua elevado e ainda buscamos soluções para a crise dos fertilizantes. Por mais que a importação tenha aumentado, os valores estão elevados”, afirma Pizzamiglio.
No dia 14/06, a Câmara dos Deputados aprovou uma proposta para investigar o preço dos fertilizantes. Com dificuldades para o escoamento da produção agrícola nas regiões em conflito e com o preço dos insumos permanecendo com índices elevados, o consumidor sente no bolso.
“Atualmente, observamos uma elevação significativa no valor do trigo e outros insumos que são utilizados na produção de pães, por exemplo. Com esse cenário, mesmo com um real desvalorizado perante ao dólar, os valores tendem a crescer, algo que reflete em nossa inflação”
diz o executivo.
Prevendo a continuidade da inflação, o Banco Central norte-americano, o Federal Reserve (FED), anunciou na quarta-feira (15/06), a elevação da taxa de juros nos Estados Unidos, para a faixa de 1,5% a 1,75%. Segundo Pizzamiglio, a inflação norte-americana também colabora para os valores no Brasil.
“Temos que considerar que a inflação dos combustíveis também impacta a logística internacional, principalmente com relação ao transporte de mercadorias”
explica.
Outro ponto que tem impacto profundo no café da manhã dos brasileiros é o clima. No Brasil, o setor cafeeiro ainda acompanha o resultado da evolução da colheita, que prevê volatilidade. Considerando a demanda de importação do café e utilização no mercado interno, podemos acompanhar altas nos preços, que já estão elevados.
“Sempre que tratamos de insumos agrícolas temos que considerar a demanda interna e a externa e precisamos estar atentos nos resultados da colheita de alguns segmentos, para ter clareza se será possível atender as demandas internas e a exportação de insumos”
completa Fábio.
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