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Com “boom” das commodities, porque o dólar não caiu?

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O dólar terminou 2023 na casa dos R$ 4,85, mas poderia ter chegado a R$ 4,60, segundo estudo produzido pela Genial Investimentos. Para os economistas da casa, caso os exportadores de commodities tivessem internalizado as receitas dessas vendas no mesmo patamar que faziam antes da pandemia, o real teria apresentado uma valorização superior à registrada.

“Nesse caso, teria ocorrido um efeito maior de redução nos preços dos bens importados e exportados e, portanto, menos pressão inflacionária, permitindo uma redução mais rápida e mais forte da taxa de juros. Assim, teríamos tido mais crescimento e menos desemprego, o que seria positivo para a economia”, afirma José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos e líder do estudo.

Ao longo dos últimos anos, o Brasil passou por um aumento relevante do superávit comercial – de US$ 50 bilhões em 2020 para US$ 100 bilhões no ano passado. Contudo, os exportadores decidiram manter uma parte importante das receitas fora do país. Como esses dólares não foram convertidos em reais via balança comercial na mesma proporção do pré-pandemia, o câmbio apresentou uma valorização inferior à que poderia ter ocorrido.

Essa diferença nas entradas e saídas da balança comercial encontra-se disponível no gráfico a seguir, sendo representadas pelos conceitos de caixa (recursos que entraram no país) e competência (receita líquida das exportações). Confira:

Além do aspecto da balança comercial, fatores macroeconômicos e turbulências políticas também impactam a cotação da moeda norte-americana. Mas devido à falta de instrumentos quantitativos que capturem de forma adequada o efeito dessas variáveis no câmbio, o estudo considera, além do superávit comercial, itens como volatilidade cambial, expectativa de depreciação cambial, diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos (EUA), índice de pressão sobre as cadeias globais de oferta e o yield das treasuries norte-americanas de 10 anos.

E para 2024? O que esperar da moeda norte-americana

Genial Investimentos trabalha com a projeção de que o câmbio termine o ano em R$ 5,05. No cenário da casa, a expectativa de uma safra menor em 2024 e de que os juros permaneçam em um patamar restritivo, o investimento do setor do agronegócio pode arrefecer, o que diminui os incentivos para que os exportadores repatriem os seus recursos do exterior.

Esse cenário dificulta as perspectivas para que ocorra uma diminuição da diferença entre os conceitos caixa e comercial, o que pesa contra uma valorização do câmbio. Além disso, questões de natureza jurídica (marco temporal) e tributária (reforma) ainda podem pesar sobre a decisão dos exportadores de ampliarem os investimentos no Brasil.

“Neste sentido, manter ou não a meta de equilíbrio fiscal em 2024, déficit primário zero, como estipulado no arcabouço fiscal, poderá se constituir em um importante fator para a determinação da trajetória da taxa de câmbio em 2024”, finaliza o economista.


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