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A Minerva Foods, empresa do setor frigorífico, deu início a um ambicioso plano de captação de recursos no mercado de dívida, com o objetivo de financiar a recente aquisição de ativos da Marfrig por R$ 7,5 bilhões. A estratégia visa aproveitar uma janela de oportunidade para obter um custo de financiamento mais vantajoso e reduzir seu risco financeiro em meio a um cenário desafiador.
A companhia de alimentos iniciou um roadshow para lançar um bond, buscando uma captação que varia entre US$ 750 milhões e US$ 1 bilhão. Esse movimento, além de servir como meio para custear a transação com a Marfrig, também estabelecerá um novo benchmark para a curva financeira da Minerva. A expectativa é que a operação seja precificada ao longo da próxima quarta ou quinta-feira.
A estratégia de recorrer ao mercado de dívida surge após a Minerva Foods ter anunciado previamente o acesso a uma linha de crédito de R$ 6 bilhões junto ao JP Morgan. A linha de crédito, com um prazo de 18 meses e vencimento em dois anos, é uma opção que costuma carregar custos financeiros significativos. Ao buscar financiamento por meio da emissão de um bond, a empresa está alinhada a uma potencial oportunidade de reduzir o custo desse financiamento, aproveitando as atuais condições de mercado.
O momento é propício para tal movimento devido à falta de emissões por parte de empresas com classificação de risco ‘BB’ (segundo S&P/Fitch) e com um perfil similar ao da Minerva. A última vez que a companhia acessou o mercado de dívida foi em 2021, e agora busca aproveitar uma conjuntura favorável para obter financiamento a um custo mais atrativo. Vale ressaltar que, nos últimos dois anos, a Minerva Foods já havia recomprado mais de US$ 500 milhões de sua própria dívida no mercado internacional.
No entanto, a busca por financiamento no mercado de dívida não foi sem consequências. Após o anúncio da operação, as ações da Minerva sofreram uma queda de aproximadamente 23%. Investidores locais reagiram negativamente, preocupados com a perspectiva de que a empresa, conhecida por atrair acionistas interessados em dividendos, possa suspender suas distribuições de lucros pelos próximos um ou dois anos.
O coordenador global da oferta é o JP Morgan, e o sindicato envolvido também inclui instituições como Itaú BBA, Bank of America, Bradesco BBI, HSBC, Morgan Stanley, Rabobank, BB Securities, Mizuho, MUFG e XP Inc. Essa coalizão de instituições financeiras de renome atesta o interesse e a confiança do mercado na capacidade da Minerva Foods de obter sucesso em sua busca por financiamento.
A ação da Minerva Foods, após a recente queda, representa um desafio a ser enfrentado pela empresa no curto prazo. No entanto, a estratégia de acessar o mercado de dívida pode indicar um movimento calculado visando fortalecer suas finanças e viabilizar o crescimento por meio da aquisição dos ativos da Marfrig. À medida que a operação de captação de recursos avança e é precificada, o mercado observará atentamente os desdobramentos dessa estratégia e seu impacto nas perspectivas futuras da empresa.
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