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Nos últimos dias, temos observado o dólar se aproximando cada vez mais de R$ 6,00, um indicador preocupante e que reflete a fragilidade da nossa economia. A inflação está em alta, e o governo Lula, em um esforço desesperado para encontrar culpados, coloca a responsabilidade no “mercado nervosinho”. No entanto, é fácil culpar um agente independente e equilibrado, que funciona com base na oferta e demanda, enquanto ignora os verdadeiros vilões: os gastos públicos descontrolados que geram uma falta de credibilidade para os investidores.
A falta de credibilidade do governo Lula no cenário internacional afasta investidores, o que agrava ainda mais a situação econômica. A confiança é um pilar fundamental para a atração de investimentos estrangeiros, e a atual administração falha em proporcionar um ambiente estável e previsível para os negócios. A saída de capital estrangeiro e a desvalorização do real são sintomas de um problema maior: a falta de confiança na capacidade do governo de gerir a economia de forma responsável.
Os gastos públicos excessivos e de baixa qualidade são as principais causas da saída de capital estrangeiro e da desvalorização do nosso câmbio. Quem paga o preço dessa irresponsabilidade fiscal? A população pobre, que sofre com a inflação e o aumento do custo de vida. É irônico que um governo que se diz social esteja punindo justamente as classes menos favorecidas, enquanto beneficia aqueles que têm capital e vivem de renda com a Selic acima de 10% ao ano. A atual administração parece mais interessada em manter uma narrativa populista do que em tomar decisões difíceis, mas necessárias.
Esse cenário é resultado de uma combinação de lobbies eficazes e um governo fraco, sem convicções claras na orientação de sua política econômica. Cortar gastos é imperativo para que o Brasil volte a crescer ou, pelo menos, pare de descer. Muitos eleitores apoiaram a candidatura de Lula na esperança de que seu terceiro mandato seguiria uma política econômica responsável. No entanto, até agora, o governo não demonstrou esse compromisso. O triste é ver que o governo está cumprindo suas promessas de campanha, que sempre foram focadas na expansão de gastos e aumento de tributação, sem uma política economia clara, os eleitores não devem ter se atentado a estes fatos.
Reduzir despesas é essencial para que o Brasil volte a crescer no nível necessário, gerando empregos e renda. Não há política social mais efetiva do que a criação de empregos, algo que o governo Lula parece não compreender. Uma reforma administrativa é a única alternativa para reduzir o alto custo da máquina pública e tornar o país mais eficiente.
O arcabouço fiscal atual é problemático porque se concentra em receitas e não foca nas despesas. O governo aumenta a tributação e gasta mais, de forma ineficaz, e a população é quem paga por essa ineficiência. Lula e sua equipe precisam reconhecer que a política econômica atual está levando o Brasil para um abismo.
Uma política fiscal responsável seria um caminho eficiente para resgatar a credibilidade do Brasil, reduzir o ritmo de crescimento da dívida pública e levar a uma taxa Selic menor. A recente decisão do Copom, que interrompeu a sequência de sete reduções da Selic, mostra a necessidade de controlar os gastos públicos para que o Brasil volte a crescer ou, pelo menos, pare de descer.
O governo Lula precisa entender que cortar gastos é uma necessidade urgente. Sem isso, continuaremos em um ciclo de crise econômica que penaliza os mais pobres e beneficia os que têm capital. A população brasileira merece um governo que priorize a eficiência e a responsabilidade fiscal, proporcionando um futuro mais próspero para todos.
Murillo Torelli é professor do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).
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