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Quando o assunto é investimentos, poucos temas despertam tanta curiosidade e cuidado do que a Bolsa de Valores. A negociação de ações certamente está entre as estratégias mais ousadas que uma pessoa pode fazer para potencializar sua renda. Um passo bem calculado é capaz de trazer ganhos vultuosos que levariam anos entre as opções de renda fixa. Contudo, uma leitura mais equivocada também pode representar um prejuízo gigantesco para a carteira.
Mas isso não afastou os brasileiros de se aventurarem na B3, a Bolsa de Valores no país. Se em 2019 conseguiu ultrapassar 1 milhão de contas vinculadas a pessoas físicas, três anos depois superou a marca de 5 milhões. Nas mãos desses investidores, há mais de R$ 450 bilhões em custódia, segundo dados da B3 no segundo trimestre de 2022, com um volume financeiro médio diário de R$ 7,3 bilhões.
A questão é que muitos ainda possuem mais dúvidas do que certezas na hora de investir. Assim, esquecem um preceito fundamental para ter sucesso na negociação de ações: a diversificação. Sim, a mesma estratégia recomendada para montar a carteira de investimentos serve para atuar no mercado de capitais.
Por que diversificar?
Qualquer pessoa pode começar a investir na Bolsa de Valores aqui no Brasil. Independentemente do conhecimento ou da renda que possui, basta preencher um cadastro grátis em um banco ou corretora e iniciar as aplicações. É possível começar, por exemplo, com apenas R$ 3, o que certamente é um chamariz importante para atrair novos interessados de olho na rentabilidade vultuosa que muitas ações entregam.
Entretanto, é aí que começa o problema para a maioria dos investidores iniciantes. Há tantas variáveis e opções que dificultam a análise de quem não está familiarizado com o tema. Muitos tentam ganhar dinheiro apenas na venda das ações com a valorização da empresa, mas esquecem que também é possível favorecer a carteira com o recebimento de dividendos que aquela cota pode entregar.
Por isso, em vez de correr o risco e colocar todo o dinheiro destinado à aplicação na Bolsa de Valores em um único tipo de ação, o grande segredo para o sucesso é justamente diversificar suas opções independentemente do perfil que tiver.
Como diversificar?
A diversificação nos investimentos vai muito além da composição de diferentes ativos na carteira — aliás, essa é a etapa mais básica. A questão é que, mesmo dentro da Bolsa de Valores, há diferentes alternativas e caminhos a seguir. Os grandes investidores, por exemplo, sempre diversificam a carteira por setor e por modalidade para proteger o dinheiro.
O que isso significa? Em vez de colocar todo o montante em uma única empresa que acredita que está crescendo, distribuem o investimento em diversas atividades. Na B3, por exemplo, há organizações de tecnologia, indústria, varejo, serviços, entre outros. Assim, mesmo que um setor vá mal, outro pode subir e compensar o prejuízo.
Além disso, a Bolsa de Valores conta com várias modalidades de investimentos conforme o tempo de aplicação. O day trade é o modelo mais conhecido, focado no curtíssimo prazo e, como o nome sugere, ocorre no mesmo dia. O swing trade, por sua vez, foca no curto e médio prazo e opera com tendências de mercado. Já o position trade atua no longo prazo, trabalhando com a hipótese de valorização daquela ação específica.
Assim, uma diversificação bem-sucedida na Bolsa de Valores passa pelo conhecimento das negociações e dos setores listados, pela identificação do perfil de investidor (seja curto, médio e longo prazo) e pelo apoio de uma casa de research. Até mesmo os investidores mais experientes devem contar com o apoio e suporte de quem possui expertise na área para evitarem contratempos.
Existe uma receita de bolo?
O que faz da Bolsa de Valores uma opção atrativa de investimento é justamente a incerteza que carrega. Ou seja, o que deu certo para um investidor não necessariamente vai trazer os mesmos resultados para outro. É diferente da renda fixa, que permite prever os ganhos futuros. No mercado de capitais, é necessário contar com planejamento acima de tudo — e muito conhecimento.
Apesar disso, algumas dicas são úteis para reduzir os riscos. A principal delas, evidentemente, é começar com pouco para se acostumar, entender e aprender — só depois é recomendável aumentar a aplicação. Além disso, crie o hábito de investir um pouco todo mês, reservando parte de sua renda para isso. Não se esqueça também da diversificação tanto da carteira em si quanto das opções na Bolsa de Valores. Por fim, estude sempre com profissionais certificados e participe de palestras e cursos que mostram as novidades do mercado.
Dessa forma, a Bolsa de Valores pode até não ser tão simples quanto uma receita de bolo, mas com certeza não será tão assustadora como um bicho de sete cabeças. O primeiro obstáculo já foi ultrapassado, que era mostrar aos brasileiros que as ações podem ser ativos de investimento para todos. Agora, é necessário dar o próximo passo e reforçar que é possível ganhar dinheiro com estratégias certeiras, como a diversificação. Assim, no futuro, poderemos ter mais e mais investidores dispostos a melhorar sua renda.
Por Alexandre Milen, CEO e fundador da Harami Research
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