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Nesta sexta-feira (9), o dólar à vista (USDBRL) registrou uma significativa alta de 1,07%, encerrando as negociações a R$ 5,7359. O movimento contrasta com a queda observada na véspera e ocorre em meio a uma expectativa crescente em relação ao pacote fiscal que o governo brasileiro está prestes a anunciar. A alta da moeda norte-americana reflete não apenas fatores domésticos, mas também influências externas, como a decepção com novos estímulos econômicos da China.
O desempenho do dólar acompanhou uma tendência de valorização da moeda nos mercados globais. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas, registrou uma alta de 0,50%, alcançando 104,344 pontos. Na comparação semanal, a moeda norte-americana recuou 2,27% em relação ao real.
Pressão da inflação e expectativas fiscais
O cenário interno contribuiu para a valorização do dólar, impulsionado por novos dados econômicos que indicam uma inflação crescente. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,56% em outubro, superando a expectativa de 0,53% de analistas consultados pela Reuters. Nos últimos 12 meses, a inflação acumulou um aumento de 4,76%, ultrapassando o teto da meta estabelecida pelo Banco Central, que é de 4,5%.
Além disso, a lentidão do governo em fechar um pacote de cortes de gastos também trouxe pressão adicional sobre o real. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está em conversas com ministros para discutir o pacote, mas ainda não há previsão de divulgação das medidas. Especialistas do Itaú indicam que é necessário um corte de gastos de pelo menos R$ 60 bilhões para assegurar o cumprimento do limite de despesas do arcabouço fiscal até 2026. Desse total, a previsão é que R$ 25 bilhões sejam reduzidos em 2025 e R$ 35 bilhões em 2026.
Fatores globais: tensões comerciais e commodities
No exterior, o fortalecimento do dólar é atribuído a rumores sobre a nomeação de Robert Lighthizer como Representante do Comércio dos Estados Unidos pelo candidato eleito, Donald Trump. Lighthizer, que já ocupou o cargo durante o primeiro mandato de Trump, é conhecido por sua postura protecionista e por adotar uma linha rígida em relação à China, o que tem gerado incertezas no mercado.
As moedas emergentes, incluindo o real, também foram afetadas pela frustração com as novas medidas de estímulo fiscal na China. As autoridades chinesas anunciaram a permissão para que governos locais emitam até seis trilhões de yuan (equivalente a aproximadamente 838,77 bilhões de dólares) em títulos para a troca de dívidas ocultas ao longo dos próximos três anos. Esse movimento provocou uma queda nos preços de commodities, com destaque para o minério de ferro e o petróleo, afetando diretamente as economias que dependem das exportações desses produtos.
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