Impacto em números

Crise do metanol: Vendas em bares caem 4,9% em setembro

Casos de intoxicação afastam clientes e provocam queda de quase 5% nas vendas em setembro, segundo dados do índice Abrasel-Stone.

Crédito: Depositphotos.
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  • Vendas em bares caem 4,9% em setembro, segundo a Abrasel-Stone, após casos de intoxicação por metanol.
  • 133 notificações e 8 mortes confirmam o avanço da crise sanitária e o medo entre consumidores.
  • Inflação alta e custos operacionais agravam o quadro de retração no setor de alimentação.

O impacto dos casos de intoxicação por bebidas adulteradas com metanol já aparece nos números. De acordo com o índice Abrasel-Stone, as vendas em bares e restaurantes caíram 4,9% em setembro, reflexo direto do medo entre os consumidores. Na comparação com o mesmo mês de 2024, a queda foi de 3,9%, após três meses seguidos de estabilidade.

O cenário ficou mais grave após o primeiro registro de intoxicação em agosto, o que levou muitos clientes a evitarem o consumo de bebidas alcoólicas em estabelecimentos. A retração foi mais forte em regiões com maior incidência de casos e ampla cobertura na mídia.

Casos se espalham e aumentam o temor

Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil contabiliza 133 notificações de intoxicação por bebidas adulteradas. O estado de São Paulo concentra a maior parte dos casos, 38 confirmados e 44 em investigação.

Também há registros no Paraná (4), Pernambuco (3) e Rio Grande do Sul (1). Até agora, oito pessoas morreram em decorrência do consumo de bebidas contaminadas.

Na última semana, a Polícia Civil de São Paulo destruiu mais de 100 mil garrafas com suspeita de adulteração. As investigações seguem em andamento, e autoridades prometem reforçar a fiscalização de destilados e bares em todo o país.

Impacto direto no setor de bares e restaurantes

Para Paulo Solmucci, presidente da Abrasel, o efeito do medo foi imediato. “O impacto dos casos de intoxicação espalhou pânico entre os consumidores e provocou uma queda na movimentação de alguns estabelecimentos”, afirmou.

Além disso, setembro já havia começado em ritmo fraco, após o impulso do Dia dos Pais, uma das principais datas de arrecadação do setor. O índice Abrasel-Stone, elaborado a partir das transações financeiras das maquininhas da Stone, mostra que a desaceleração atingiu 22 dos 24 estados pesquisados.

Desse modo, as maiores quedas foram observadas em Roraima (-11,5%), Pará (-9,9%), e Rio de Janeiro e Santa Catarina (-7,6%). Apenas Maranhão (2,6%) e Mato Grosso do Sul (1%) registraram leve alta.

Inflação e incertezas agravam o cenário

O efeito metanol não é o único vilão. De acordo com Guilherme Freitas, economista e pesquisador da Stone, “a inflação específica do setor continua pressionada, o que encarece o tíquete médio e afeta o poder de compra”.

Ademais, o IBGE mostrou que o IPCA subiu 0,48% em setembro, enquanto o setor de alimentação fora do domicílio registrou desaceleração, caindo de 0,50% em agosto para 0,11% em setembro.

Por fim, isso reforça o cenário de margens comprimidas e menor volume de consumo.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.