
- Mercado vê aumento do risco fiscal e possível pressão sobre juros e rating.
- Dívida bruta sobe a 78,6% do PIB e alcança maior nível desde 2021.
- Dívida líquida bate recorde, chegando a 65% do PIB.
A Dívida Bruta do Governo Geral voltou a subir e atingiu 78,6% do PIB em outubro, o maior patamar desde 2021, segundo o Banco Central. O indicador avançou em meio ao ritmo fraco da atividade e à piora do resultado fiscal.
O montante nominal também cresceu e passou de R$ 9,748 trilhões para R$ 9,856 trilhões, aproximando o país de níveis que acendem alerta entre investidores e agências de risco.
Endividamento encosta em máximas e reacende preocupação
O salto coloca a dívida pública em trajetória mais desfavorável. O patamar atual é o mais alto desde outubro de 2021, quando o índice estava em 79,5% do PIB. O pico da série permanece em dezembro de 2020, no auge das medidas emergenciais da pandemia, quando chegou a 87,6% do PIB.
Com a pressão fiscal crescente, a leitura reforça o desafio do governo em reequilibrar as contas. Logo, a piora ocorre mesmo com o crescimento da arrecadação e evidencia que o gasto obrigatório continua sendo o fator mais pesado para o resultado.
Desse modo, pelo conceito do FMI, que inclui outros passivos, a dívida subiu de 90,5% para 91,1% do PIB, mostrando que o Brasil já opera perto do limite considerado seguro por parte dos investidores.
Dívida líquida também bate recorde histórico
A Dívida Líquida do Setor Público (DLSP), indicador observado de perto pelo mercado por descontar reservas internacionais, subiu para 65% do PIB, o maior nível da série. Em termos nominais, alcançou R$ 8,143 trilhões.
Além disso, o avanço ocorre apesar da estabilidade do câmbio e indica um quadro fiscal mais pressionado no curto prazo. A tendência preocupa porque a dívida líquida é mais sensível ao movimento de juros e ao desempenho da economia.
Portanto, parte dos economistas avalia que, sem melhora rápida no superávit primário, o país corre o risco de perder espaço de manobra e enfrentar questionamentos sobre a sustentabilidade fiscal nos próximos anos.
Impacto para o mercado e credibilidade do país
A piora da dívida aumenta a percepção de risco e pode afetar a curva de juros. Para analistas, quanto maior o endividamento, maior o custo de financiamento e menor a flexibilidade para políticas anticíclicas.
Ademais, oquadro também pressiona as agências de rating, que usam a DBGG como métrica central para avaliar a solvência do país. Com a dívida subindo, cresce a chance de revisões negativas de perspectiva.
Por fim, especialistas afirmam que o governo precisará reforçar o compromisso com o ajuste fiscal para evitar deterioração adicional e recuperar confiança.