Projeções reduzidas

Mais uma notícia negativa que irá afetar a economia brasileira: entenda

Moody’s alerta para risco fiscal, cobra reformas e sinaliza desconfiança dos investidores.

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  • Moody’s reduziu a perspectiva do rating do Brasil por temores fiscais e lentidão nas reformas.
  • Mudança pode aumentar o custo da dívida pública e reduzir confiança de investidores.
  • Governo precisa acelerar reformas e manter responsabilidade fiscal para reverter o cenário.

A Moody’s rebaixou a perspectiva da nota de crédito do Brasil de “positiva” para “estável”, acendendo um alerta para o governo federal. A mudança interrompe o otimismo recente e reacende a preocupação com o controle das contas públicas.

Embora tenha mantido o rating em Ba1 — um degrau abaixo do grau de investimento —, a agência apontou riscos fiscais crescentes, lentidão nas reformas e rigidez no gasto público como razões centrais para a decisão. Desse modo, o recado é claro: sem reformas consistentes e compromisso fiscal firme, o Brasil continuará fora do radar dos grandes investidores globais.

Avaliação mira a credibilidade fiscal

Segundo o relatório, a deterioração das contas públicas preocupa. A Moody’s reconheceu avanços como o crescimento de 1,4% do PIB no primeiro trimestre e o novo arcabouço fiscal, mas considerou esses passos insuficientes diante dos desafios estruturais.

Além disso, destacou a dificuldade do governo em conter despesas obrigatórias e em avançar com medidas concretas para equilibrar receitas e gastos. Na prática, a nota mostra que o país ainda precisa reconquistar a confiança internacional perdida em 2016, quando perdeu o grau de investimento.

Portanto, para Débora Oliveira, analista da CNN, a revisão da Moody’s representa um aviso direto à equipe econômica. “A agência vê boa vontade nas metas, mas o ritmo de execução está aquém do necessário”, avaliou.

Resposta oficial e reação do mercado

O Tesouro Nacional respondeu rapidamente ao alerta. Em nota, o órgão reafirmou o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal e com a implementação das reformas. A Fazenda argumenta que a condução da política econômica tem sido firme e transparente, e que os resultados virão com o tempo.

No entanto, a mudança de perspectiva pode ter efeitos práticos imediatos. Investidores observam com atenção os sinais das agências de risco. Logo, uma perspectiva estável, em vez de positiva, reduz a expectativa de valorização dos títulos públicos e pode pressionar os juros cobrados para financiar a dívida.

Economistas acreditam que a revisão enfraquece o argumento do governo em favor de maior flexibilidade fiscal. Com esse recado, a Moody’s sugere que qualquer afrouxamento na meta de resultado primário ou aumento de despesas pode agravar a desconfiança externa.

Ambiente internacional não favorece

Além dos fatores internos, o Brasil enfrenta ventos contrários no cenário global. A recente sinalização de Donald Trump sobre novas tarifas sobre o aço e o alumínio preocupa exportadores brasileiros. Os Estados Unidos são um dos principais mercados para esses produtos.

O clima internacional já está tenso por causa da desaceleração da economia chinesa e da instabilidade geopolítica. Com isso, países com fundamentos frágeis, como o Brasil, se tornam mais vulneráveis a choques externos.

Nesse contexto, a capacidade de atrair capital estrangeiro depende, mais do que nunca, da previsibilidade fiscal e da clareza nas regras econômicas. A Moody’s reforçou essa mensagem ao revisar sua expectativa para o país.

Rumo ainda depende do governo

A nota emitida pela agência não sela o destino do Brasil, mas reforça a necessidade de decisões firmes. Ainda há espaço para retomada da credibilidade, mas o governo precisa acelerar reformas como a do imposto de renda, desoneração da folha e simplificação tributária.

Medidas de corte de gastos e aumento de receita também precisam sair do papel. O presidente Lula e sua equipe econômica terão que mostrar, nos próximos meses, que a responsabilidade fiscal está no centro da agenda.

Desse modo, em ano de expectativas mistas, o país caminha numa corda bamba entre a confiança e a frustração do mercado. Portanto, a reação da Moody’s pode ser o empurrão necessário para ajustes urgentes.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.