Continua após o anúncio
No próximo domingo, acontece o primeiro turno das eleições no Brasil. Às vésperas do primeiro turno, em outras eleições, a bolsa sofreu com volatilidades. No ano de 2018, por exemplo, o Ibovespa disparou mais de 7% nas últimas quatro semanas antes das eleições. Já neste ano de 2022, diversos analistas do mercado relatam que a bolsa já está precificada e que pouco está reagindo à novidades relacionadas às eleições ou pesquisas eleitorais, por exemplo.
De acordo com Fabio Louzada, economista, analista CNPI e fundador da Eu me banco, a bolsa brasileira nos últimos dias tem sofrido muito mais com as influências do cenário internacional conturbado com altas de juros pelo mundo do que com as eleições.
“A bolsa brasileira tem acompanhado a americana com os temores de recessão econômica mundial. O dólar sobe em relação aos pares internacionais, influenciado pela perspectiva de aumento de juros nos EUA. O ambiente de incerteza e de aversão a risco faz com que os investidores procurem migrar seus investimentos para países mais desenvolvidos, além de dolarizar a carteira”, explica.
Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed, casa de análise e empresa de tecnologia e educação financeira para investidores, acredita que a bolsa pode ficar volátil mais para frente quando o novo presidente eleito divulgar os nomes de ministros e de quem irá compor a equipe econômica.
“A montagem de equipe é mais importante do que efetivamente o nome que irá ganhar. A eleição de Bolsonaro é positiva para o mercado, inclusive para empresas estatais que vem dando lucros, como Banco do Brasil e Petrobras, que estão indo muito bem. Já do lado do Lula, é de se esperar medidas populares e de crescimento do estado, que não são medidas bem vistas pelo mercado. A própria equipe selecionada vai impactar mais do que o próprio candidato eleito”, comenta Oliveira.
Nesse contexto de juros mais altos e cenário de recessão econômica mundial, Rodrigo Cohen, analista de investimentos CNPI e co-fundador da Escola de Investimentos, diz que, independente do candidato que será eleito, o que vai ditar é o que o novo presidente fará nos primeiros meses de trabalho.
“Em relação aos investimentos, tudo depende do perfil de risco do investidor. Pessoas conservadoras devem focar em renda fixa, já que com a taxa Selic em alta, temos produtos remunerando muito bem. Já os investidores agressivos podem buscar ativos de risco sabendo também que nesse investimento temos mais volatilidade e risco de perder“, ressalta.
Segundo Rodrigo Azevedo, economista e sócio-fundador da GT Capital, o investidor que tem o perfil de investir no curto prazo deve, nesse momento, preservar seu caixa sem pensar no ganho nesse momento.
“Agora, o investidor que já tem mais experiência e pensa em uma carteira de médio e longo prazos, pode fazer mais movimentos voltados para o risco, uma vez que entende que mesmo que haja mudança que impacte nos papéis, sabe que historicamente, no médio e longo prazo, a segurança dos papéis de renda fixa, por exemplo, será honrada. Primeiro, vem o ruído do mercado. Depois, tudo vai para a normalidade“, comenta.
Vitorio Galindo, head de análise fundamentalista da Quantzed, acredita que o mercado está aguardando e que os primeiros 90 dias do novo governo serão decisivos.
“Para tomar uma decisão, seja para ter uma carteira mais defensiva, mais protetiva, para fazer um hedge com câmbio ou mesmo para investir em renda fixa, é melhor esperar. Os investidores devem aguardar um pouco mais, analisar o cenário, ver os comentários dos gestores e, só depois disso chegar à sua própria conclusão”, explica.
Follow @oguiainvestidor
DICA: Siga o nosso canal do Telegram para receber rapidamente notícias que impactam o mercado.