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Em fevereiro de 2024, o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs) mostra que o faturamento médio das pequenas e médias empresas brasileiras (PMEs) foi 17% maior, na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Com isso, o indicador que acompanha a evolução média real das movimentações financeiras no setor mantém a tendência de resultados significativamente mais fortes, verificada desde o último trimestre de 2023. No acumulado do primeiro bimestre de 2024, o IODE-PMEs registra expansão de 15,4% na comparação anual.
IODE-PMEs funciona como um termômetro econômico das empresas com faturamento de até R$50 milhões anuais, divididas em 678 atividades econômicas que compõem quatro grandes setores: Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.
Felipe Beraldi, economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, aponta que, assim como observado em janeiro, o avanço também foi disseminado entre os setores monitorados. “Nesse contexto, a evolução recente do faturamento real das PMEs emerge como um indicador importante para antecipar o comportamento geral do PIB brasileiro no primeiro trimestre deste ano”, diz o especialista.
“Os resultados recentes refletem, de certa forma, o início dos efeitos na economia real do ciclo de queda da SELIC (taxa básica) iniciado pelo Banco Central em meados de 2023, tendo em vista o avanço das concessões de crédito às pessoas físicas no início do ano – com taxas de juros médias finais relativamente mais baixas”, explica.
O economista comenta, também, que,mesmo para as empresas, a queda da Selic combinada com uma inflação relativamente mais controlada também favorece o ambiente para a evolução do consumo e dos investimentos.
Segundo o IODE-PMEs, em fevereiro, a principal contribuição positiva continuou vindo das PMEs industriais. A movimentação financeira deste mercado avançou 22,7% no mês, frente a fevereiro de 2023. De 23 subsetores da indústria de transformação acompanhados pelo índice, 19 mostraram crescimento de dois dígitos no último mês, entre eles, as atividades de ‘Fabricação de móveis’, ‘Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados’, ‘Metalurgia’ e ‘Fabricação de produtos químicos’.
“As PMEs do Comércio, por sua vez, foram a principal surpresa positiva, tendo em vista a melhora indicada pelo IODE-PMEs em fevereiro (+13,8% YoY em fevereiro, após +6,1% em janeiro), confirmando a reversão da tendência de queda verificada no decorrer do segundo semestre de 2023”, destaca Beraldi.
A recuperação do setor tem sido puxada pelas PMEs do comércio atacadista (+14,1% YoY), com destaque no último mês para os segmentos de ‘produtos odontológicos’, ‘café em grão’ e ‘produtos de higiene, limpeza e conservação domiciliar’.
Ass pequenas e médias do setor varejista também voltaram a apresentar crescimento neste ano, ainda que em ritmo relativamente mais discreto (+4,9% YoY), puxado por segmentos como ‘pedras para revestimento’, ‘vidros’ e ‘artigos fotográficos e para filmagem’.
No setor de Serviços, as PMEs também apresentaram desempenho positivo no último mês (+9,2% YoY), após avanço de 9,7% em janeiro. No primeiro bimestre do ano, o resultado positivo do setor foi condicionado, especialmente, pelo avanço dos segmentos de ‘Atividades de entrega’, ‘Agências de viagem e outros serviços de turismo’ e ‘Design de interiores’.
Por fim, as PMEs do setor de Infraestrutura também apresentaram crescimento da movimentação financeira real em fevereiro (+10,4% YoY), com destaque para os segmentos de ‘Serviços especializados para construção’ e ‘Coleta, tratamento e disposição de resíduos’.
Apesar dos últimos resultados positivos, o cenário de curto prazo não é livre de riscos. A queda recente da confiança dos consumidores, conforme aponta o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) do FGV IBRE, acende um sinal amarelo para as PMEs. “Sobretudo dos setores de Comércio e Serviços, uma vez que o indicador é um bom antecedente da evolução do consumo das famílias brasileiras”, destaca Beraldi. Mesmo com o contexto de queda das taxas de juros, o nível de endividamento das famílias ainda segue em patamar elevado, o que pode prejudicar a evolução do consumo no curto prazo.
“Apesar disso, mantemos a perspectiva de que o mercado de PMEs siga em crescimento no Brasil no decorrer do ano”, acrescenta.
A manutenção do avanço deve ser condicionada, sobretudo, pelas menores pressões inflacionárias sobre as famílias e as empresas e pelos efeitos cada vez mais claros do ciclo de redução da taxa básica de juros (Taxa Selic) na economia real.
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