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Wan Gang, ex-executivo da Audi e ministro da ciência e tecnologia da China, defende a adoção de veículos a hidrogênio, especialmente em regiões com longas distâncias entre cidades.
Wan Gang, conhecido como o “pai” da estratégia de eletrificação da frota de carros da China, acredita que os veículos a hidrogênio terão um papel crucial no mercado automotivo chinês.
Ele destaca que esses veículos serão especialmente relevantes no noroeste da China, onde as distâncias entre cidades são extensas e a aceitação de carros elétricos ainda é baixa. Wan Gang, que anteriormente trabalhou como executivo da Audi, foi fundamental para convencer os líderes chineses a investir em carros elétricos há duas décadas, vendo-os como uma solução para a dependência do petróleo importado e a poluição.
Wan Gang vê futuro promissor para veículos a hidrogênio na China
Wan Gang, frequentemente referido como o “pai” da estratégia de eletrificação da frota chinesa, expressou sua convicção de que os veículos movidos a hidrogênio desempenharão um papel significativo no maior mercado automotivo do mundo. Ele acredita que os veículos a células de combustível serão essenciais, especialmente nas regiões noroeste da China, onde as distâncias entre cidades são consideráveis e a aceitação de carros elétricos ainda é limitada.
Falando em uma conferência em Munique, Alemanha, Wan Gang enfatizou a necessidade de construir um “sistema de hidrogênio verde”. Ele prevê que, em algumas áreas, os carros híbridos plug-in e movidos a hidrogênio podem até superar os modelos totalmente elétricos em popularidade.
Antes de se tornar ministro da ciência e tecnologia da China, Wan Gang trabalhou como executivo da Audi. Ele foi fundamental ao persuadir os líderes chineses a investir em eletrificação de veículos, promovendo a ideia não apenas como uma maneira de impulsionar o crescimento econômico, mas também como uma solução para a dependência da China em importações de petróleo e os problemas de poluição.
Sua estratégia, que envolveu o uso de subsídios governamentais para atrair fabricantes de automóveis, transformou a China no principal mercado para veículos elétricos. Agora, ao promover o hidrogênio, Wan Gang vê benefícios adicionais, pois esse combustível também pode ser aplicado no transporte marítimo e ferroviário.
Ele acredita que a frota de veículos comerciais da China, em particular, poderia se beneficiar significativamente dos sistemas de transmissão a hidrogênio.
Especialistas apontam potencial e desafios do Brasil na transição energética para o hidrogênio verde
Centros de pesquisa e agências internacionais de energia preveem que o hidrogênio supere o petróleo como principal commodity energética do mundo a partir da década de 2030. A síntese desses estudos foi apresentada pelo professor Nivalde de Castro, do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na primeira audiência pública da comissão especial da Câmara dos Deputados sobre transição energética nesta terça-feira (27).
Nivalde coordena o Grupo de Estudos do Setor Elétrico da UFRJ e ressaltou que, pela primeira vez na história, o capitalismo se vê obrigado a se adaptar a impositivos que não são econômicos, mas ambientais, ligados à sobrevivência da humanidade diante das mudanças climáticas. O hidrogênio será fundamental nessa transição, segundo ele.
“O mundo só conseguirá atingir as metas de descarbonização com o hidrogênio de baixo carbono. Mas, até o mundo chegar ao hidrogênio verde, a gente tem outras fontes: gás, etanol, biometano. E, em todas elas, o Brasil tem reservas que vão qualificar o País nesse novo mercado”, ressaltou.
O hidrogênio já é largamente utilizado no mundo e pode ser obtido de variadas fontes, tanto poluentes quanto limpas. Assim, tem-se o chamado hidrogênio cinza ou marrom, vindo da queima de combustíveis fósseis, como o petróleo; o hidrogênio azul, obtido por técnicas de captura de carbono; e o hidrogênio verde ou sustentável, gerado por fontes renováveis de energia, como solar e eólica.
Dentre a grande variedade de possíveis derivados do hidrogênio, Nivalde de Castro aponta prevalência da amônia verde. “Lá pelos anos 2040, iremos falar de barril de amônia e não mais de barril de petróleo, mesmo que tenhamos a oportunidade de explorar ao máximo as nossas reservas de petróleo”, declarou.
Custos
De forma geral, os demais especialistas que participaram da audiência admitiram que o mercado brasileiro ainda é pequeno e com custos elevados. O quadro tende a mudar a partir de incentivos financeiros ao setor e investimento em políticas públicas de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Eles também defenderam estímulos fiscais a quem substituir o uso de fontes poluentes de energia por fontes renováveis.
O coordenador do Laboratório de Hidrogênio da Unicamp, Ennio Peres da Silva, ressaltou que o País também precisa apontar prioridades diante de variadas opções. No setor de transportes, por exemplo, ele citou outros projetos em curso, como os biocombustíveis e os carros elétricos.
Ennio ainda destacou desafios a serem superados no setor petroquímico. “O problema do nosso setor petroquímico não é produzir outro hidrogênio. É capturar o gás carbônico daquele hidrogênio feito na refinaria. Se quisermos descarbonizar o setor, nós temos que sequestrar esse carbono”, explicou.
O presidente da Comissão Especial sobre Transição Energética, deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), disse que objetivo dos parlamentares é buscar pontos-chave de estímulo à indústria do hidrogênio. “Ter fonte renovável de baixo custo é o que vai nos dar a vantagem competitiva e comparativa para o Brasil ser esse polo de produção de hidrogênio renovável.”
O relator da comissão, deputado Bacelar (PV-BA), pretende concluir os trabalhos até novembro com uma proposta de marco regulatório que dê segurança jurídica ao novo mercado de hidrogênio que se forma no Brasil.
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