O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, encerrou esta quarta-feira (27) em queda de 1,72%, aos 127.677 pontos, refletindo incertezas quanto ao cenário fiscal e econômico do país. Ao longo do dia, o índice oscilou entre a mínima de 127.677 pontos e a máxima de 130.283 pontos, com um volume de negócios expressivo. Apesar da queda, o acumulado de novembro registra um avanço de 12,54%, o melhor desempenho mensal em três anos.
A retração do índice foi impulsionada por um aumento na percepção de risco fiscal após declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em rede nacional. Entre as medidas discutidas, destaca-se a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, o que elevou preocupações sobre a sustentabilidade das contas públicas. O mercado também aguarda ansiosamente a divulgação de um novo pacote fiscal, que promete impactar diretamente a política econômica nos próximos meses.
Além disso, o cenário internacional contribuiu para o desempenho negativo. Apesar de sinais de desaceleração na economia dos EUA, que sugerem uma pausa no ciclo de aumento dos juros pelo Federal Reserve, investidores globais ainda se mantêm cautelosos, direcionando capital para ativos de menor risco.
Maiores quedas e desempenhos setoriais
Entre os destaques negativos do dia estiveram ações ligadas ao setor de tecnologia e varejo, como Locaweb (LWSA3), com queda de 6,21%, e Magazine Luiza (MGLU3), que recuou 4,35%. No setor financeiro, o BTG Pactual (BPAC11) também sofreu forte desvalorização, perdendo 5,23%.
Por outro lado, empresas exportadoras como Vale (VALE3) apresentaram resiliência devido à alta do dólar, que fechou cotado a R$ 5,12, valorizando-se 0,68% no dia. Essa movimentação beneficiou setores atrelados à exportação de commodities, que tradicionalmente se destacam em cenários de desvalorização do real.
O mês de novembro foi marcado pela entrada significativa de capital estrangeiro na bolsa brasileira, beneficiada por um ambiente de taxas de juros mais baixas e preços atrativos das ações. Segundo Bruna Sene, analista da Nova Futura Investimentos, “houve um aumento no apetite por risco, principalmente em ações cíclicas domésticas”. Contudo, os desafios fiscais internos e as expectativas de inflação continuam a pesar na tomada de decisão dos investidores.
Nos próximos dias, o mercado deverá continuar monitorando os desdobramentos da política fiscal brasileira, além de dados econômicos internacionais que podem impactar a dinâmica de juros globais. Analistas esperam alta volatilidade, especialmente com a proximidade do fim do ano e da definição de orçamentos públicos e privados.