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Inflação de volta? Aumento na gasolina não irá “doer” apenas na hora de abastecer, aponta especialistas

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A Petrobras (PETR4), gigante do setor de energia no Brasil, anunciou um aumento significativo nos preços dos combustíveis, trazendo reflexos imediatos para o mercado. Esse movimento foi analisado por especialistas do setor, assim como por estrategistas financeiros, que avaliaram o impacto nas projeções econômicas e inflacionárias.

GASOLINA X INFLAÇÃO

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a variação média dos preços no Brasil, é impactado por diversos fatores, e o aumento nos preços dos combustíveis é um deles.

O aumento nos preços dos combustíveis, que compreende uma alta de 16,2% na gasolina e 25,8% no diesel, como anunciado pela Petrobras, desencadeia uma série de efeitos na economia nacional. A primeira e mais direta consequência é o impacto imediato no bolso dos consumidores. A gasolina e o diesel são componentes essenciais para o transporte de mercadorias e pessoas, influenciando diretamente os custos de produção e o orçamento doméstico das famílias.

Essa influência no bolso do consumidor, por sua vez, é capturada pelo IPCA. O índice de preços reflete a cesta de bens e serviços consumidos pelas famílias brasileiras, e os combustíveis estão entre esses itens de peso considerável. O aumento nos preços dos combustíveis provoca uma pressão inflacionária, uma vez que os custos mais elevados de transporte se refletem em preços maiores para os produtos finais.

As projeções dos analistas colabora com a tendência. Amance Boutin, especialista em combustíveis da Argus, uma empresa especializada em análises de preços para diversos mercados, abordou o anúncio da Petrobras de forma minuciosa. Segundo ele, até o dia anterior ao anúncio, o custo de reposição de uma carga de gasolina entregue no porto de Itaqui, para entrega em 30 dias, era de R$3.143/m³, em contraste com R$2.395/m³ da Petrobras, indicando uma defasagem de 24%. Com o reajuste de R$410/m³ anunciado, a defasagem cai para 11%. No caso do diesel, o cenário foi semelhante: a defasagem era de 27%, mas após o reajuste de R$780/m³, a defasagem passou a ser de 7%. Boutin observou que esse reajuste atende parcialmente aos pedidos dos importadores, reduzindo o descompasso entre as cotações da Petrobras e o custo de aquisição dos agentes privados.

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A análise da ÓRAMA Investimentos também lançou luz sobre as consequências desse aumento nos preços dos combustíveis. A Petrobras anunciou um acréscimo de R$ 0,41 por litro na gasolina, representando uma alta de 16,2%, e um aumento de R$ 0,78 por litro no diesel, equivalente a 25,8%. Esse aumento passa a vigorar a partir do dia seguinte ao anúncio. A ÓRAMA Investimentos estimou que o efeito no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) será distribuído entre agosto (+13 bps, base points) e setembro (+25 bps), levando a projeção de inflação para 2023 a 5,1%, em comparação aos 4,8% previstos anteriormente.

Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Rena, aprofundou a análise dos efeitos desse aumento nos preços dos combustíveis. Ela observou que o aumento de R$0,41 na gasolina na refinaria, que representa 16,3%, deve resultar em um aumento de 6,32% no preço final ao consumidor. Isso impactará o IPCA, com estimativas de +31 bps, divididos entre agosto (+8 bps) e setembro (+23 bps). Levando em consideração os impactos nos preços da gasolina, diesel e etanol, o efeito total estimado na inflação de 2023 é de 38 bps.

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A inflação vai subir?

Com base nesses dados, a projeção de inflação para o ano de 2023 foi ajustada. A projeção inicial de 4,60% subiu para 5%, refletindo a influência desse aumento nos preços dos combustíveis nas estimativas inflacionárias. Além disso, as projeções mensais de inflação também foram revisadas. A projeção de IPCA para agosto subiu de 0,20% para 0,30%, enquanto a estimativa para setembro foi ajustada de 0,40% para 0,68%.

AnalistaProjeção para IPCA 2023Impacto no IPCA (bps)
ÓRAMA Investimentos5,1%+38 bps
Warren Rena5,0%+38 bps

Em suma, o anúncio da Petrobras de aumento nos preços dos combustíveis reverberou amplamente no mercado, sendo cuidadosamente analisado por especialistas. Os reajustes nos preços têm impactos imediatos no IPCA e nas projeções inflacionárias, afetando as estimativas para o ano de 2023 e meses subsequentes. A economia e os investidores continuarão a monitorar atentamente esses desenvolvimentos, à medida que buscam compreender as ramificações dessas mudanças nos preços dos combustíveis.

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